Mulheres autoras juntas pela visibilidade e paixão pela escrita
O Clube já conta com 29 membros, que se juntam todos os meses para debater e trocar ideias. Os seus leitores podem também subscrever duas newsletters mensais.
O que as une é a paixão pela escrita e os seus livros publicados. Começaram por ser apenas quatro, mas atualmente já são 29 as autoras que fazem parte do Clube de Mulheres Escritoras.
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A ideia surgiu a Filipa Fonseca Silva, autora de sete livros já publicados, no Dia Internacional da Mulher, 8 de março, num café depois de uma ação da editora Penguin. "A ideia partiu de mim inicialmente porque já escrevo há muitos anos, mas não tinha muita exposição como outras autoras. No ano passado, conheci pessoalmente Helena Magalhães, depois Maria Isaac e Maria Francisca Gama. Percebemos que de facto tínhamos muitas coisas que podíamos dizer e que nos podíamos ajudar umas às outras", disse a autora em conversa telefónica com o DN.

© Pedro Rocha / Global Imagens
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O objetivo deste clube é dar visibilidade às mulheres escritoras e fomentar a entreajuda. "O que interessa é estarmos todas juntas, mostrando que , ao contrário do que a sociedade muita vezes acha, as mulheres podem fazer coisas maravilhosas quando se juntam", disse Filipa Fonseca Silva.
Estas 29 escritoras juntam-se, habitualmente, no Jardim da Gulbenkian uma vez por mês para uma troca de ideias. Filipa Silva Fonseca reforça que, no entanto, o clube é ainda algo informal, até porque ainda só tiveram três encontros. "Já surgiram ideias muito interessantes destes encontros como criarmos um site ou revista".
O primeiro passo deste clube já foi dado: a criação de newsletters. Todos os meses são mandadas duas newsletters às quais qualquer leitor pode aceder através de uma subscrição. Uma sobre eventos e agenda das escritoras e outra com textos seus - desde contos a poemas. No início do mês de maio foi enviada a primeira newsletter com apresentação de todos membros.
O único critério para participação neste clube é ter pelo menos um livro publicado por editoras tradicionais. "Não abrimos o espectro a editoras que pedem dinheiro aos autores para os publicar. Isto porque todos nós sabemos o quão difícil é conseguir publicar numa editora tradicional", explicou Filipa Fonseca Silva.
As mulheres escritoras
No caso de Filipa Fonseca Silva, o mais recente livro da sua autoria intitula-se E Se Eu Morrer Amanhã? É um livro baseado numa história verídica que vem desmistificar o tabu sobre a sexualidade das mulheres numa idade mais avançada. "Foi uma história verídica que eu ouvi de uma amiga da minha mãe que tomava conta de uma senhora de 80 anos. Um dia estava a arrumar o quarto da senhora e encontrou uma caixa cheia de brinquedos sexuais", contou.

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Patrícia Madeira, que começou a escrever na pandemia, juntou-se ao Clube das Mulheres Escritoras a convite de Sara Rodi no início da sua criação. A escritora vê sobretudo este grupo como um apoio. "Acho que pode ajudar a ultrapassar as nossas dificuldades, os nossos receios e fazer-nos mais seguras connosco mesmas em relação ao mercado", disse em conversa com DN, depois de último encontro do Clube.
O seu terceiro e mais recente livro, intitulado de Até Quando? é um romance contemporâneo, que conta a história de um grupo de mulheres que viaja para uma despedida de solteira em Las Vegas. "Durante a viagem acontecem várias coisas e aborda temas muito profundos nomeadamente doenças, traições, suicido, homossexualidade".

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Já Cláudia Araújo Teixeira juntou-se ao grupo apenas há um mês, igualmente por convite da escritora Sara Rodi. Uma ideia que lhe agradou logo desde o início. "Tenho sempre esta ideia que as mulheres se se juntarem conseguem fazer coisas muito boas e contrariar esta ideia de que as mulheres não se juntam para nada. Para mim, mais do que um grupo de mulheres escritoras é um grupo de mulheres", afirmou.
A escritora ainda só tem um livro publicado, que foi escrito durante a pandemia. Com o título Uma Vida Assim-Assim, esta obra retrata a história de uma mulher num bairro social do Porto na década de 1970. "É uma história dura. É uma história de vida de pessoas com que nós nos cruzamos na rua e não fixamos a cara nem o nome. É o retrato social de uma época".

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mariana.goncalves@dn.pt
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