Morreu Pedro Sobral, presidente da APEL, atropelado quando seguia de bicicleta
"O Pedro acreditava profundamente no poder dos livros e na liberdade da edição, valores com que ajudou a construir a Leya. Um amigo de todas as horas e de todos os livros, de quem, hoje, nos começamos a despedir com doloroso e genuíno agradecimento”, lamentou em comunicado Ana Rita Bessa. A CEO da Leya reagia assim à morte de Pedro Sobral, horas depois de terem surgido as notícias de que um ciclista havia sido atropelado na manhã deste sábado na Avenida da Índia, em Belém, Lisboa. O presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) e administrador das Edições Gerais da Leya tinha 51 anos.
A Leya declarou ainda em comunicado que o ocorrido é “uma perda com danos inultrapassáveis, não apenas para todos os que na LeYa trabalharam de perto com Pedro Sobral, mas também para aqueles que, de uma forma ou de outra, estão ligados ao sector do livro - editores, escritores, livreiros e tantos leitores com quem Pedro Sobral sempre estabeleceu laços de forte ligação”.
Marcelo Rebelo de Sousa também se pronunciou após o ocorrido. O Presidente da República afirmou que “foi com grande choque que tomou conhecimento do falecimento de Pedro Sobral” e lamentou as “condições trágicas” do ocorrido. Marcelo destacou o “notável trabalho” de Pedro Sobral enquanto presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros e sublinhou que o mesmo “fará muita falta ao setor de livro em particular e da Cultura em geral”. O Presidente também lembrou “a parceria com a APEL na Festa do Livro em Belém, na qual Pedro Sobral era um dos principais dinamizadores”.
De acordo com a Polícia de Segurança Pública , o acidente “entre um veículo ligeiro e um velocípede” ocorreu por volta das 7.30 da manhã, junto à Cordoaria Nacional, “sendo que o condutor do veículo ligeiro se colocou em fuga do local”. O condutor viria a entregar-se nas instalações da PSP cerca de quatro horas depois, fazendo-se acompanhar do seu advogado. Posteriormente, os restantes quatro ocupantes da viatura também compareceram para prestar depoimentos.
A ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, disse estar “chocada” pela inesperada morte de Pedro Sobral, a quem exaltou o “espírito crítico e empreendedor”. A governante destacou o papel do presidente da APEL enquanto parceiro essencial do Ministério da Cultura e garantiu que “Pedro Sobral será lembrado pelo seu percurso dedicado aos livros e à importância dos hábitos de leitura” no país.
Pedro Sobral era licenciado em Economia e em Ciência Política pela Universidade Católica de Lisboa, e frequentou o Programa de Gestão Geral na Harvard Business School. Com um percurso inicial na área financeira e de consultoria, Sobral foi nomeado, em 2004, Diretor de Marketing e Vendas no Grupo Almedina.
Em 2008, entrou no Grupo Leya como Diretor de Marketing e Conteúdo Digital, mais tarde como Coordenador da Divisão Editorial e, por fim, como Administrador das Edições Gerais do Grupo Leya. Após três anos como vice-presidente da APEL, em 2021, Pedro Sobral foi nomeado presidente da associação, cargo que ocupou até seu falecimento.
Em comunicado, a PSP afirmou que “irá promover a investigação criminal deste acidente de viação em coordenação com o Ministério Público” e apelou a “uma condução cuidada, com moderação e em respeito por todas as normas rodoviárias e cívicas”.
nuno.tibirica@dn.pt