Morreu Michael Madsen, ator “fetiche” de Tarantino

Morreu Michael Madsen, ator “fetiche” de Tarantino

Michael Madsen faleceu na sua casa de Malibu — contava 67 anos. A sua vasta filmografia é típica da versatilidade e do talento de um “actor de composição”, à maneira clássica de Hollywood.
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A notícia da morte de Michael Madsen surgiu na imprensa cinematográfica dos EUA ao começo da tarde de quinta-feira, dia 3 de julho. Correspondendo a uma chamada de urgência proveniente da casa do ator, em Malibu (Califórnia), o óbito fora declarado às 08h25 da manhã, tudo indica motivado por um ataque cardíaco — nascido a 25 de setembro de 1957, em Chicago, contava 67 anos.

Nunca ganhou um Óscar. Nunca ganhou um Globo de Ouro. Em boa verdade, com uma carreira de mais de quatro décadas e uma filmografia que ultrapassa as três centenas de títulos, nem sequer obteve qualquer nomeação para tais prémios. O certo é que nada disso impediu que fosse um intérprete admirado e respeitado, capaz de compor as personagens mais díspares, acrescentando-lhes sempre um inconfundível suplemento emocional. Decisiva na sua carreira, foi a personagem de “Mr. White” em Reservoir Dogs/Cães Danados (1992), primeira longa-metragem de Quentin Tarantino. [ https://www.youtube.com/watch?v=2KLZ4fSXtgI ]

Tornou-se uma presença fetiche do cinema de Tarantino, tendo surgido no elenco de mais quatro dos seus filmes: Kill Bill: Volume 1 (2003), Kill Bill: Volume 2 (2004), Os Oito Odiados (2015) e Era uma Vez em Hollywood (2019). Isto sem esquecer que, logo após Cães Danados, Tarantino convidou-o para o papel de Vincent Vega em Pulp Fiction (1994) — Madsen recusou e, como bem sabemos, a personagem seria decisiva no “renascimento” da carreira de John Travolta.

É provável que, para muitos espectadores, a sua imagem seja sobretudo televisiva. De facto, participou em séries tão populares como Miami Vice (1984), Para Além da Guerra (1988) ou 24 (2010). Em qualquer caso, mesmo no meio de muitos títulos banais, que reconhecia ter aceitado para garantir a qualidade de vida da sua célula familiar (tinha seis filhos), encontramos algumas pérolas de representação. Foi, acima de tudo, um versátil secundário, na melhor tradição dos “atores de composição” (“character actors”) dos tempos clássicos de Hollywood — lembremos os exemplos de Jogos de Guerra (John Badham, 1983), a sua estreia no cinema, The Doors (Oliver Stone, 1991), Wyatt Earp (Lawrence Kasdan, 1994), Donnie Brasco (Mike Newell, 1997) ou Boarding Gate (Olivier Assayas, 2007).

Embora o seu legado seja, no essencial, cinematográfico, vale a pena recordar que Madsen começou no teatro, tendo integrado a Steppenwolf Theatre Company, em Chicago, sob a direção de John Malkovich. Entre os seus derradeiros trabalhos inclui-se a série policial The Detective, dirigida por Kristina Trirogoff e ainda por estrear.

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