Gulbenkian alia-se a dez fundações europeias para apoiar arte participativa
A Aliança para as Artes Participativas resulta do reconhecimento de que a arte pode ter impacto social e contribuir para melhorar a vida das populações. O projeto, anunciado esta tarde, em Lisboa, junta 11 fundações europeias, entre as quais a Fundação Calouste Gulbenkian e a Fundação “la Caixa” (com atividade em Espanha e Portugal), para apoiar organizações que atuam nesta área, dando-lhes visibilidade além-fronteiras e apoio financeiro.
Em causa estão, para exemplificar, projetos como a Ópera nas Prisões da Sociedade Artística Musical dos Pousos, ou o projeto Corpoemcadeia, da Companhia Olga Roriz, focado na dança no Estabelecimento Prisional do Linhó.
A Fundação Calouste Gulbenkian já apoia financeiramente projetos desta natureza, mas agora, com esta Aliança, estas organizações vão poder ser conhecidas lá fora, abrindo novos horizontes em termos de financiamento.
"O que acontece é que estes projetos têm um grande impacto local, mas efetivamente aquilo que nós começámos a perceber é que não estavam conectados em termos internacionais, e que muitos não têm a visibilidade e o reconhecimento que merecem e de que precisam para poder ter maior impacto", diz ao DN Luís Jerónimo, o responsável pelo conselho da Aliança e diretor de Sustentabilidade e Equidade da Fundação Calouste Gulbenkian.
"A Aliança vai tentar responder a esse desafio, dando maior visibilidade, maior reconhecimento e também acesso a outro tipo de financiamento e de capacitação para que os líderes destas organizações e as suas equipas façam ainda melhor o seu trabalho", acrescenta o responsável da Gulbenkian.
No arranque, a Aliança avança com um programa de "fellowship", de 18 meses, para 15 líderes de organizações artísticas que receberão uma bolsa de 60 mil euros. O programa envolve a participação em workshops online, residências imersivas, visitas de estudo e intercâmbios, proporcionados pela Culture Action Europe, Fundação Fitzcarraldo e a The Audience Agency.
"O programa que desenhámos foi uma resposta a um levantamento de necessidades que as fundações fizeram através do inquérito às organizações que trabalhavam nesta matéria, e que efetivamente manifestaram não só o interesse de estar mais conectadas internacionalmente, para poderem aprender com outras organizações que tenham as mesmas dificuldades ou abordagens semelhantes, mas também poderem ter acesso a financiamento que fosse mais flexível", diz Luís Jerónimo.
O programa está aberto a candidaturas de 49 países, e o prazo decorre de hoje, dia 23 de janeiro, a 24 de fevereiro deste ano. "O plano é termos o processo de seleção finalizado em junho para depois iniciarmos este processo de trabalho de 18 meses que tem essa componente de financiamento e essa componente de capacitação e desenvolvimento profissional", adianta.
As candidaturas têm de ser feitas através da plataforma da Network of European Foundations, que é quem coordena o projeto.
O responsável sublinha que o programa é destinado a "estruturas que já tenham trabalho e experiência comprovada nesta matéria".
Sobre uma eventual participação portuguesa, o responsável da Gulbenkian adianta que "a expectativa, face a todo o trabalho que há em Portugal nesta área, é que tenhamos um fellow português".
Este programa ocupará a Aliança durante os próximos dois anos. "Queremos perceber os resultados que vamos ter para continuarmos a perspetivar outras atividades no futuro", revela.
Além da Fundação Calouste Gulbenkian, onde foi lançada esta quinta-feira a iniciativa, a Aliança inclui a Allianz Foundation (Alemanha), Fondazione Cariplo (Itália), Compagnia di San Paolo (Itália), Fondation Daniel e Nina Carasso (França), European Cultural Foundation (Países Baixos), Hilti Foundation (Liechtenstein), King Baudoin Foundation (Bélgica), Fundação “la Caixa” (Espanha e Portugal), Moleskine Foundation (Itália) e Stiftung Mercator Schweiz (Suíça).