Gala solidária faz 15 mil euros para levar mais jovens à festa brava
Segunda edição levou 450 pessoas ao Kais para aplaudir premiados em dez categorias e celebrar tourada à portuguesa.
Celebrar a festa dos toiros, aplaudir os que dela fazem vida e festejar a vitalidade de um espetáculo cultural tradicionalmente português foram os motes da II Gala da Tauromaquia, que teve casa cheia no Kais, neste fim de semana. Foram mais de seis horas de festa, com tempo para ouvir o fado nas magníficas atuações de Luísa Vidal e Matilde Cid. Mas também de distinguir profissionais em oito categorias e entregar mais duas menções honrosas, numa noite solidária que permitiu levantar quase 15 mil euros para promover a festa brava junto de jovens aficionados.
Relacionados
"Muitas vezes esses jovens não têm meios para cumprir o seu sonho de ir ver ou mesmo para participar em corridas de touros e outros eventos desta arte. Agora vamos ter mais meios para ajudá-los a ter essa experiência", explica Francisco Mira, antigo forcado e atual diretor da Tauronews, que deu vida a estes "óscares" da tauromaquia.

Vanda Ferreira (Okasa) entregou o prémio de Cavaleiro de Alternativa do ano a João Ribeiro Telles.
© Miguel Alvarenga e Farpas
Subscreva as newsletters Diário de Notícias e receba as informações em primeira mão.
Quanto aos premiados da noite, voltados pelos pares e pelo público aficionado entre 40 nomeados num total de oito categorias, a lista compõe-se de grandes figuras, incluindo Joaquim Grave, com a ganadaria Murteira Grave a bisar, o Matador do Ano João Silva Juanito, Duarte Alegrete como Melhor Bandarilheiro e dois Ribeiro Telles nas categorias de cavaleiro: João (de Alternativa) e Tristão Queiroz (Amador/Praticante). Os Amadores de Montemor fizeram o pleno, sendo distinguidos enquanto Grupo de Forcados e vendo o seu António Pena Monteiro individualizado pela qualidade e coragem. E a Tauroleve de Ricardo Levesinho venceu a Melhor Empresa Tauromáquica em 2022.

Alvaro Nuñez del Cuvillo entregou o prémio de Melhor Ganadaria a Joaquim Grave (Murteira Grave).
© Miguel Alvarenga e Farpas
Numa cerimónia a que não faltaram destacadas figuras da festa que também brilha entre nuestros hermanos, houve ainda tempo para uma merecida distinção a um dos maiores. Pela mão do maestro António Ribeiro Telles - a quem desafiou a juntar-se-lhe na Real Maestranza de Sevilha -, o genial matador Morante de la Puebla viu reconhecida a sua carreira e uma temporada incrível, em que somou uma centena de corridas neste ano, quando celebra os 25 anos de alternativa. A sua felicidade maior, porém, veio do entusiasmo de Ribeiro Telles, a recordar o sonho antigo de tourear em Sevilha (promessa que o pai, mestre David, não conseguiu entregar-lhe), fazendo crer que esse desígnio pode bem realizar-se na próxima temporada.

O matador espanhol Morante de la Puebla recebeu do maestro António ribeiro Telles a menção honrosa pela temporada com 100 corridas, aos 25 anos de alternativa.
© Miguel Alvarenga e Farpas
Homenagens e ausência
Porque toda esta arte é feita de solidariedade, respeito mútuo e entreajuda, não houve entre os premiados quem não prestasse honra e homenagem aos parceiros de categoria e enaltecesse a força do universo tauromáquico. Tão pouco a organização, que não se esqueceu de realçar a importância de alguns por vezes invisíveis mas fundamentais às artes taurinas, personificando a homenagem na menção honrosa aos "guardiões das lezírias", os Campinos - prémio recebido por João Inácio Janica, das mãos de dois dos representantes políticos presentes na Gala da Tauromaquia: o deputado social-democrata João Moura e o histórico ex-presidente da Câmara de Barrancos (CDU), António Tereno.

João Moura (deputado do PSD), João Inácio Janica (que recebeu o prémio que honrou os Campinos) e António Tereno (histórico ex-presidente da Câmara de Barrancos, da CDU).
© Miguel Alvarenga e Farpas
À Gala apresentada pelo antigo forcado João Vasco Lucas, com Paulo Pereira (CNN) e Margarida Oliveira Pinto (RFM), não faltaram algumas caras que se têm destacado na defesa política da festa brava, incluindo Fernanda Velez, Duarte Pacheco e Inácio Esperança. Apesar de ainda em maio ter reafirmado "tolerância absoluta" para com a tauromaquia, sublinhando mesmo, no Parlamento, que "não contassem" com ele "para censurar aquilo que são as práticas culturais e os gostos dos outros", Pedro Adão e Silva, ministro da Cultura, não esteve no evento.

Kais com casa cheia
© Farpas