Na edição deste ano, o Festival Internacional de Teatro Clássico de Mérida vai apresentar peças produzidas por companhias portuguesas. É uma novidade?Sim, é uma novidade, sobretudo pelo facto de serem duas produções inteiramente portuguesas: Agripina e Prometeu Agrilhoado.Penso que são dois textos importantes, integrados na temática greco-romana que domina o Festival de Mérida. Um deles, Agripina, será apresentado em espanhol, uma vez que a atriz fala as duas línguas, português e espanhol. Prometeu será totalmente em português, com legendas em espanhol.Além dessas duas peças com produção portuguesa, que destacaria como pontos fortes na programação deste ano? Abrimos com Numância, um texto importante que reflete a história do cerco romano a uma das cidades de Espanha. Está em perfeita sintonia com o tema do festival. Temos também lançamentos, como um musical sobre Cleópatra, Cleópatra Apaixonada, ou Memórias de Adriano, inspirada na obra de Marguerite Yourcenar. Temos também Electra, uma peça emblemática do festival. E há uma comédia de Terêncio, um autor raramente representado. A lógica do festival continua a ser peças clássicas ou peças de dramaturgos contemporâneos que escrevem sobre temas greco-romanos e greco-latinos?Sim. Por exemplo, Efigénia é um texto atual escrito por uma dramaturga espanhola sobre o tema Efigénia. Já o texto Édipo Rei, que vem de Itália, é inteiramente clássico. Temos, portanto, propostas de autores contemporâneos e também textos clássicos, inteiramente clássicos, escritos há mais de 2000 anos.Além do Teatro Romano de Mérida, o festival tem outras sedes, como o Teatro Maria Luísa, também na capital da Extremadura.Sim. Por exemplo, a programação do Festival de Mérida está atualmente a ser desenvolvida em Madrid. Está a ser apresentada em dois teatros da cidade. São produções do ano passado que estão a ser apresentadas na capital espanhola. E temos também a extensão ao Teatro Romano de Medellín e ao Teatro Romano de Regina. E também na própria cidade de Mérida, temos vários sítios arqueológicos, como o Templo de Diana, onde realizamos o programa Agusto en Mérida, que é o programa off do festival, que também se realiza no Pórtico do Fórum, nas Termas Romanas... Neste último caso, são atividades gratuitas ou com custo mínimo. Estamos a falar de uma programação muito popular para todos os públicos.Quando falamos da programação principal no Teatro Romano, que tem 2000 anos, continua a tradição de começar as peças às 22h45. Pode explicar por quê?Bem, é muito simples, porque anoitece nessa altura. E o ambiente tem de estar completamente escuro para se conseguir assistir aos concertos.Também porque é um pouco menos quente...A temperatura noturna também é crucial. Faz muito calor na Extremadura e, depois das 22h45, a temperatura desce, permitindo-nos sentar nas pedras do Teatro Romano e desfrutar de uma apresentação e de uma bela noite de verão. Convido todos os portugueses a virem.Como é que os habitantes de Mérida vivenciam este festival? Vivem-no obviamente com absoluta intensidade, porque acontece na cidade deles e é o festival deles. E é o festival deles, reforço, e é por isso que tem um grande público e uma grande participação de Mérida. Há muito público de Mérida, da Extremadura, além, claro, dos muitos que vem de fora da Extremadura. E isto significa que a economia da Extremadura e de Mérida se enriquece porque um grande número de visitantes fica nos hotéis, come nos restaurantes, compra nas lojas. Gera-se riqueza em torno do teatro.Mérida é a antiga capital da Lusitânia Romana. Será este o local perfeito para um festival de música clássica espanhola?Acho que esta localização é fundamental porque fica a meio caminho entre Portugal e Espanha e, bem, na verdade, era a capital da Lusitânia.E em termos de património também é inigualável na Península Ibérica?A verdade é que a cidade possui um património riquíssimo, estando ainda a ser escavada e descoberta uma vasta quantidade de património subterrâneo. Recentemente, uma impressionante Medusa foi descoberta e está a ser exibida. As autoridades estão a comprar terrenos e casas antigas para demolir e escavar, e deixar a ver os maravilhosos mosaicos. E há também o Museu Nacional de Arte Romana, onde realizamos exposições muito importantes.Haverá também uma apresentação de uma peça aqui em Lisboa em novembro.Sim, há uma apresentação prevista. Traremos uma exposição ao Museu do Teatro Romano e apresentaremos Ifigénia no dia 19 de novembro. .O 25 de Abril visto pela lente de “campeões” do fotojornalismo mundial.Revendo a guerra do Iraque em tom hiper-realista