Autora de livro sobre língua portuguesa defende potencial das redes sociais
A escritora e jornalista Monica Villela Grayley considera que as redes sociais são "aliadas" da promoção da língua portuguesa e que o seu potencial deve ser levado em conta na estratégia de promoção desta língua, criada em 2008.
"Eu acho que deve haver uma revisão da estratégia de promoção aprovada em 2008, porque o mundo está bastante diferente", disse Monica Villela Grayley, autora do livro "A Língua Portuguesa como Ativo Político: um Mundo de Oportunidades para os Países Lusófonos", que será lançado quinta-feira, na sede da CPLP.
Para a autora, os legisladores e criadores das políticas de Estado para a promoção da língua devem "usar o potencial das redes" sociais.
"Hoje vivemos num mundo diferente, temos a internet que leva a língua, em tempo real, para todas a parte. A internet, e as redes sociais em particular, é muito importante", disse.
Sobre o livro, a jornalista brasileira refere que é o primeiro que fala da língua portuguesa como "uma língua internacional".
A obra conta com vinte propostas, através das quais a autora faz "um convite aberto às pessoas que têm o poder de promover a língua, mas também as diásporas, os cientistas, qualquer cidadão que tenha hoje uma rede social, para continuar a promover o português".
"O livro, como costumo dizer, é uma pátria virtual que precisamos resgatar; mas este livro é uma carta de navegação", indicou, lembrando que são 285 milhões de pessoas que, em todo o mundo falam o português, número que "irá crescer".
Olhando para o passado, recordou que o português saiu de Portugal, passou África, Brasil, Timor-Leste, Macau...
"Hoje, países que não falam a língua portuguesa, como o Reino Unido, França, Austrália ou Japão, interessam-se pela língua portuguesa", referiu.
Da obra consta uma "análise de casos da francofonia e da hispanofonia que transformaram suas respetivas línguas em plataformas bem-sucedidas de afirmação política".
Para a elaboração deste livro, a autora analisou declarações de chefes de Estado e do governo dos países de língua portuguesa, entrevistou professores, cientistas sociais e escritores, como o moçambicano Mia Couto, e o ex-presidente de Portugal, Jorge Sampaio, além de professores e diplomatas junto da CPLP.
A sessão de lançamento do livro, que será apresentado no auditório da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Lisboa, contará com uma introdução do secretário-executivo da organização, Zacarias da Costa.