António Telles, inspiração e maestria em Vila Franca

Catarina Bexiga faz a crónica da corrida de uma corrida em que António Ribeiro Telles "escreveu com letras de oiro mais uma página brilhante na sua carreira e na história da Palha Blanco".

Mais um triunfo de António Ribeiro Telles na Palha Blanco. Mais um triunfo do Toureio a Cavalo na sua verdadeira dimensão. Mais uma noite para a história a que tivemos o privilégio de assistir na passada terça-feira. António procurou ser ele próprio - tão simples como pessoa quanto grande como Toureio - e voltou a sentir o bater do coração da sua Palha Blanco.

Podia escrever muito, explicar "tintim por tintim" todos os pormenores, mas em texto nunca seria o mesmo que na arena. Faltaria sempre aquela emoção, aquele calor do momento e aquela paixão. O que apenas se sente "in loco". Especialmente no primeiro e quinto da noite, António revelou a dimensão do seu conceito.

Foram duas lições de como tourear (não apenas cravar ferros!) que devem ser percebidas e absorvidas por todos. Porque António é TOUREIRO de toureiros. Arrisco em dizer que a primeira atuação foi de inspiração e a segunda de maestria.

Com o toiro de Vale Sorraia (ao qual faltou empuje), montado no "Hibisco" reproduziu a "sorte da morte" (feita ao ralenti) no segundo comprido e apontou uma grande tira no terceiro. Depois, montado no "Embuçado", manteve-nos pendentes do que lhe saía da alma, destacando-se um grande ferro curto, o terceiro da série.

A sua segunda atuação, com um voluntarioso toiro de Passanha, foi menos definida, mas contou sempre com o calor humano da Palha Blanco. Por fim, com o toiro de Ribeiro Telles (que teve querença junto à porta dos cavalos), a sua obra tocou as nuvens. Não se pode ser mais TOUREIRO. Não se pode entender melhor um toiro. Não se pode explicar melhor o que é o Toureio a Cavalo. Montado no "Alcochete", António lidou na perfeição, pôs ele tudo, com uma elegância e uma harmonia insuperáveis, com conhecimento dos terrenos e das distâncias, de onde tirar o toiro e de onde pô-lo, por onde passar, como passar... etc. A série de curtos teve sabor para quem entendeu a mensagem. Tudo como uma Maestria que até arrepiou!

De gerações distantes e conceitos diferentes, do outro lado esteve João Moura Jr. A noite custou a romper ao cavaleiro de Monforte.

Com o toiro de Vale Sorraia, pronto e alegre de investidas, as coisas não lhe saíram. Frente ao de Ribeiro Telles (de pouca transmissão), com o "Jet-Set", só a espaços convenceu. E por fim, com mais um voluntarioso toiro de Passanha, montado no "Neco da Ermida" cravou um grande terceiro curto e com o "Hostil" chegou às bancadas com duas empolgantes mourinas.

Para os Amadores de Vila Franca foi mais uma noite importante. Estão a comemorar 90 anos de existência, mas o grupo está renovado, cheio de sangue novo e com futuro garantido. Foram caras Rodrigo Andrade à primeira tentativa, Rafael Plácido à primeira, Lucas Gonçalves à segunda, Pedro Silva à primeira, o cabo Vasco Pereira à primeira e Guilherme Dotti à primeira com uma grande ajuda do seu irmão Rodrigo Dotti. Noite emotiva pela despedida do rabejador Carlos Silva, um nome que fica na história do grupo vilafranquense.

Fixem a data, 4 de outubro de 2022, António Ribeiro Telles escreveu com letras de oiro mais uma página brilhante na sua carreira e na história da Palha Blanco!

Síntese da Corrida: Praça de Toiros Palha Blanco (Vila Franca de Xira)
4 de Outubro de 2022

Produtor: Tauroleve

Ganadarias
2 de Vale Sorraia, 2 de David Ribeiro Telles e 2 de Passanha. Destacou-se o segundo da noite de Vale Sorraia, pronto e alegre de investidas.

Cavaleiros
Mano a mano de António Ribeiro Telles (volta, volta e volta) e João Moura Jr. (silêncio, volta e volta).

Forcados
Amadores de Vila Franca de Xira em solitário: Rodrigo Andrade (volta), Rafael Plácido (volta), Lucas Gonçalves (volta), Pedro Silva (volta), Vasco Pereira (volta) e Guilherme Dotti (volta). Despedida e volta em solitário para o rabejador Carlos Silva no quinto da noite. Grande ajuda de Rodrigo Dotti que acompanhou o forcado da cara na volta à arena no último.

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