Cultura
03 outubro 2022 às 07h17

Morreu Sacheen Littlefeather, atriz indígena que recusou o Óscar em nome de Marlon Brando

Atriz tinha 75 anos e sofria de cancro na mama. Em 1973 recusou Óscar em protesto contra o tratamento da indústria cinematográfica aos nativos americanos e foi interrompida. Em agosto, a Academia pediu-lhe desculpa.

DN

Morreu Sacheen Littlefeather, a atriz indígena vaiada há quase 50 anos por ter recusado em nome de Marlon Brando o Óscar de Melhor Ator, em protesto contra o tratamento da indústria cinematográfica aos nativos americanos.

A artista, que tinha 75 anos, sofria de cancro na mama.

Littlefeather, que pertence às comunidades indígenas apache e yaqui, foi interrompida nos Óscares de 1973, enquanto explicava o porquê de Brando não poder aceitar o Óscar de Melhor Ator pelo filme "O Padrinho".

Marlon Brando tinha pedido a Sacheen que recusasse o prémio em seu nome, num ato de repúdio à atitude da indústria em relação aos povos indígenas. Mais tarde, contou que vários seguranças impediram que o ator John Wayne agredisse a ativista fisicamente.

Em agosto deste ano, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood informou que pediu desculpas a Sacheen por a ter interrompido na cerimónia de 1973. "Os maus-tratos que sofreu por causa dessa declaração foram gratuitos e injustificados", diz a carta de desculpas enviada em junho a Sacheen pelo então presidente da Academia, David Rubin. "A carga emocional que viveu e o custo na sua carreira na nossa indústria são irreparáveis."

"Durante muito tempo, a coragem que mostrou não foi reconhecida. Por isso, oferecemos as nossas mais profundas desculpas e sincera admiração", acrescenta a carta, que a Academia divulgou com o anúncio de que Sacheen foi convidada a discursar no próximo mês no museu de cinema da organização em Los Angeles, que prometeu enfrentar "a história problemática" do Óscares, incluindo o racismo.

"Em relação ao pedido de desculpas da Academia, nós, índios, somos pessoas muito pacientes, passaram-se apenas 50 anos!", reagiu a ativista indígena. "Precisamos de manter o nosso sentido de humor em relação a isso. É o nosso método de sobrevivência", declarou, considerando o próximo evento "um sonho que se tornou realidade". "É profundamente encorajador ver que muito mudou desde que não aceitei o Óscar há 50 anos."

Tópicos: Óbito, Cultura