Álvaro Covões: “As pessoas vêm ao Alive para ver a oferta cultural que não se deve reduzir só à música”
Rita Chantre/Global Imagens

Álvaro Covões: “As pessoas vêm ao Alive para ver a oferta cultural que não se deve reduzir só à música”

A 16ª edição do evento arranca amanhã no Passeio Marítimo de Algés com Dua Lipa, Arcade Fire e Pearl Jam como cabeças de cartaz. O DN esteve à conversa com o presidente da Everything is New, Álvaro Covões, sobre o festival que organiza.
Publicado a
Atualizado a

Quais são as novidades desta edição do Nos Alive? 
O festival já atingiu uma certa maturidade. É a 16ª edição e, por isso, só foram feitos pequenos ajustes. Por exemplo, fizemos uma zona mais alargada no Palco Coreto, que ficou mais amplo e vai permitir que muito mais gente consiga lá estar, seja a descansar, a fazer uma refeição, ou a assistir a concertos. De resto, as novidades são os artistas do cartaz.


Em relação à sustentabilidade, pode explicar o projeto dos copos reutilizáveis?
Já fazemos isto há três edições. As pessoas podem levar o copo consigo, mas para quem não o quiser levar, nós temos recipientes próprios, onde depois o dinheiro do copo é entregue a três instituições de solidariedade. As instituições são uma da Câmara Municipal, a ONG Brigada do Mar, que se dedica à limpeza de praias não-vigiadas, e a Casa do Artista.


E em que outros projetos está presente a sustentabilidade no festival?
Nós usamos 90% da energia consumida em energia de rede e só 10% em geradores. Isso é uma medida muito importante. Temos também pontos de água potável em todo o recinto e financiamos duas bolsas de investigação científica. Outro tema: todos os brindes que são autorizados por nós, têm de ser úteis e reutilizáveis. E fazemos, obviamente, separação de lixos. Temos algum equipamento que foi feito com o lixo reciclado aqui. Por exemplo, temos uma série de mobiliários urbanos, como esplanadas, feitas com o lixo que foi produzido no festival. Temos um trabalho que começámos no ano passado, que ainda está muito no início, que tem a ver com a separação do lixo orgânico. Se todos nós tivermos um bocadinho de cuidado com o planeta, o planeta vai mudar. Não vamos mudar o nosso estilo de vida e basta essas pequenas coisinhas para tornar o planeta mais sustentável, mais equilibrado.


Relativamente ao transporte para o festival…
Nós incentivamos a utilização de transportes públicos. Temos um reforço da Linha de Cascais, principalmente na saída e prolongamento do horário. Temos também uma grande operação montada com a Carris para levar as pessoas para três pontos de Lisboa.


Os Pearl Jam cancelaram alguns concertos, mas entretanto atuaram em Barcelona no passado domingo. Houve aqui algum receio que eles pudessem cancelar o concerto no Nos Alive? 
Não. Os artistas são como nós e ficam doentes, e foi o que aconteceu neste caso. Andam de cidade em cidade e fazem 4 ou 5 concertos por semana de 2 horas, por isso, têm que ter o seu corpo a funcionar a 100%.


Quando um artista cancela há algum plano B? Como funciona?
A  banda Sofi Tukker cancelou a digressão . Ia começar na quinta-feira passada e por motivos de saúde cancelou. Vamos anunciar um novo nome. Quando temos tempo, tratamos da substituição. Arranjar um artista, tratar das viagens, há toda uma logística que demora tempo. Se um artista ficar doente no próprio dia, não temos tempo para arranjar alternativa. Mas felizmente isso também é um festival e temos sete palcos, muitos artistas e muita coisa para ver.


Sobre o cartaz, este ano segue alguma linha? 
Não temos grandes linhas vermelhas, mas temos algumas. Portanto, nós tentamos ter uma programação que é mais pop alternativo. A Dua Lipa, por exemplo, é comercial, é pop, mas não é completamente pop. Portanto, nós tentamos ter concertos que vão desde o rock alternativo, eletrónica, ao pop. Estamos muito ao nível de grandes festivais, como o Coachella, nos Estados Unidos, o Rock Werchter, na Alemanha. Temos uma programação como o Glastonbury, no Reino Unido por exemplo. A Dua Lipa esteve em Glastonbury, por exemplo. 


Relativamente a Portugal, onde é que o NOS Alive se posiciona nos grandes eventos do país?
Acho que o NOS Alive  foi desenhado para ser um festival internacional. Daí a sua capacidade de atração de públicos internacionais. Faz parte dos roteiros dos grandes festivais do mundo. Até acho que se posiciona como um dos melhores festivais da Europa. É por isso que muitos artistas querem vir aqui, quando pensam fazer uma digressão de festivais. É uma paragem obrigatória.


Recentemente mencionou que o NOS Alive foi desenhado para o Passeio Marítimo de Algés. Pretende continuar neste espaço durante os próximos anos?
Claro. Uma das características de qualquer evento é o local onde se organiza, onde se realiza. Se um evento muda de espaço, passa a ser outro evento. Pode ter o mesmo nome, mas passa a ser outra coisa. A envolvência dos espaços faz logo uma grande diferença. E nós estamos muito contentes por estar aqui. Acho que é importante existirem espaços para eventos ao ar livre, espaços para grandes eventos. 


Ainda sobre esse tema, a Câmara Municipal de Oeiras tem projetos para o Passeio Marítimo de Algés. Isso poderá trazer implicações com a localização do NOS Alive?
Não. Aliás, foi anunciado pelo presidente da Câmara, Isaltino Morais, que vamos assinar um protocolo para estarmos aqui mais cinco anos. Os planos que existem para aqui estão intimamente ligados com o espaço que a câmara pretende ganhar ao rio.


Quantas pessoas esperam para os três dias de festival? 
Já temos um dia esgotado, o sábado, e temos o dia da Dua Lipa quase a esgotar. Só falta o primeiro dia, mas acho que vamos esgotar os três dias. Portanto, esperamos 165 mil pessoas.


Esperam ter a habitual percentagem de estrangeiros no festival? 
Neste momento estamos com 71 nacionalidades diferentes e estamos no patamar dos 20 mil estrangeiros que nos visitam. É um bom número, ou seja, cerca de 20% das pessoas.


E em relação ao público português…
Este é um festival, onde 80% do público são portugueses. No entanto, os estrangeiros, num país pequeno como o nosso, são um elemento fundamental para ajudar a encher grandes eventos. Da mesma forma que precisamos de turistas para encher os hotéis, também precisamos de estrangeiros para encher os grandes eventos, porque nós somos poucos. E se ao festival vêm pessoas de 71 países diferentes, essas pessoas vão ser nossas embaixadoras e vão divulgar o nosso país como destino.


Quais são as suas expectativas para esta edição?
Bons concertos. A nossa expectativa é que a experiência das pessoas seja muito positiva, que as pessoas passem a palavra e aconselhem os seus amigos que não vieram a virem.


Qual  é o conselho que dá aos festivaleiros para esta edição?
Venham cedo e aproveitem tudo. Temos mais de dois mil lugares sentados e temos mais esplanadas para o recinto. Garantimos que as pessoas conseguem comer sentadas e descansar. Depois temos sete palcos. Portanto, há sempre opções de coisas para ver. É preciso não esquecer que nós também temos um palco de comédia e não temos apenas músicas. Ao contrário de muitos teatros públicos que excluem a comédia da sua programação, nós temos um palco de comédia e está sempre cheio de público. Significa que os portugueses querem ver stand-up  e comédia portuguesa, o que é muito bom.


Por que é que acha importante ter esse palco de comédia aqui no festival?
Quando achei que devíamos ter o palco de comédia disseram que vêm ao festival de música só querem ver música. Não, estão enganados. As pessoas vêm ao festival para ver a oferta cultural. E a oferta cultural não se deve reduzir só à música. A comédia também faz parte da cultura. Eu sei que há muitos doutores da cultura que acham que é uma arte menor, mas não é. Não há linhas vermelhas na cultura. Nas diferentes artes, umas podem até ser menos estruturadas que outras, mas não deixam de ser cultura.Hoje em dia, os artistas de stand-up até fazem questão de terminar a sua digressão aqui no festival. E a  reação do público é extraordinária.

Cartaz NOS Alive

11 de julho
Palco NOS
Nothing But Thieves - 18h30
Benjamin Clementine - 20h00
The Smashing Pumpkins - 21h50
Arcade Fire - 00h

Palco Heineken
Mazela - 17h
Unknown Mortal Orchestra - 17h50 
Kenya Grace - 19h15
Black Pumas - 20h40 
Parcels - 22h50
Jessie Ware - 1h30 
Moullinex ▲ GPU Panic - 3h

WTF Clubbing
Conhecido João - 17h
Silly - 18h
Conjunto Corona - 19h20
Bateu Matou - 20h50
Zengxrl -22h10
Awen b2b Djeff b2b Xinobi -23h20 
Âme b2b Trikk - 1h30
Fresko bsb Vallechi - 3h00

12 de julho
Palco NOS
T-Rex - 18h30
Ashnikko - 20h
Tyla - 22h00
Dua Lipa - 23h45

Palco Heineken
The Heavy - 17h
Larkin Poe - 18h10
Nathaniel Ratcliff & The Night Sweats - 19h30 
Aurora - 21h10 
Michael Kiwanuka - 22h40 
Gloria Groove - 1h15
Floating Points - 2h50


WTF Clubbing
Extrazen - 17h
Diana Lima - 18h
Sea Girls - 19h30
Jüra - 21h
Tourist - 22h45
Genesis Owusu - 1h30
Dardust - 3h

13 de julho
Palco NOS
Blasted Mechanism - 18h30
The Breeders - 19h50
Sum 41 - 21h20
Pearl Jam - 23h10

Palco Heineken
Objeto Quase - 17h
King John - 17h50
Black Honey - 19h05
Alec Benjamin - 20h35
Khruangbin - 22h
The Cat Empire - 1h10 
[artista a anunciar] - 3h

WTF Clubbing
Ella Knight - 17h 
Words Of Intent - 18h10
Matisa - 19h20
Alan Dixon - 20h35 
Shouse - 21h50
Vitalic - 1h10 
Emerald - 2h45

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt