7 dias, 7 propostas pelo cantora Carmen Souza
Carmen Souza nasceu em Lisboa em 1981, numa família de cabo-verdianos. Cresceu a falar crioulo e português com toda a naturalidade. Foi Theo Pascal que a descobriu e a levou a explorar as linguagens do jazz e da soul. O seu primeiro disco, Ess ê nha Cabo Verde, chegou em 2005. Construiu uma carreira internacional e é hoje uma artista multipremiada e reputada em diversos circuitos. No próximo 31 de março vai apresentar o seu novo disco Interconnectedness no Museu do Oriente, em Lisboa. Até lá, deixa-nos as suas sugestões para os próximos sete dias.
1. Vintage I
Feiras de Antiguidades
Domingo, 19 de março
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De manhã vou tomar o pequeno-almoço a um café típico de Lisboa, normalmente o meu café de eleição é o Galão 2 no Bairro de Santos. O meu menu é sempre o mesmo, um pão de Deus com queijo e manteiga e um galão de máquina escurinho. Aos domingos, eu e o Theo Pascal como amantes de mercados vintage, em segunda-mão, feiras de antiguidades etc. viajamos sempre a procura de tesouros. O nosso roteiro passa sempre pela marginal porque gosto muito da vista de mar e também porque dá-nos a oportunidade de passar pela feira de antiguidades no Jardim de Paço de Arcos, onde encontram-se verdadeiras relíquias e pedaços de história e de arte. De seguida vamos para Cascais para a feira da bagageira, depois destas caminhadas a fome já aperta e almoçamos no restaurante Belomar na Parede, a comida é caseira, tipicamente portuguesa e a vista é fantástica.
2. Comer
Atira-te ao Rio
Segunda-feira, 20 de março
O meu pai vive em Almada então combinei com ele passear e almoçar juntos por ali. Atravesso o Rio Tejo num cacilheiro e aproveito as vistas do Rio Tejo, de Lisboa e da Ponte 25 de Abril. Tenho a sensação confortante de ser turista na minha própria terra, como vivo em Londres aproveito todas as oportunidades que tenho quando estou em Lisboa para me inspirar pelo ar e pela luz. O meu pai já está à minha espera à chegada a Cacilhas e eu e ele aproveitamos para caminhar um bocadinho pelo paredão do Ginjal. Chegamos a um café no final do paredão, chamado Atira-te ao Rio e eu como apreciadora de café peço um e a conversa alonga-se com as incríveis historias do meu pai sobre a construção da ponte 25 de Abril que ele presenciou, e como ele trabalhou em barcos cargueiros fala-me sobre as manobras de atracar em Lisboa com barcos gigantes, fala-me da Lisnave e das fabricas de peixe que borbulhavam com tanta movimentação e comercio, e que agora infelizmente estão em ruínas.
Caminhamos mais um pouco e apanhamos o elevador panorâmico da boca do vento e passeamos pela Casa da Cerca, normalmente existem exposições e vale sempre a pena ver a vista de la de cima.
Está na hora do almoço, vamos para o restaurante Nova Europa, onde servem um polvo a lagareiro, chocos fritos ou dourada grelhada maravilhosos, recomendo vivamente. O ambiente é muito acolhedor e familiar e a comida é feita com amor por uma cozinheira muito sorridente e simpática.
3. Ensaiar
This is Sessions!
Terça-feira, 21 de março

Eu e o Theo Pascal temos um laboratório criativo em Lisboa, onde passamos a maior parte do nosso tempo quando estamos em Lisboa, chama-se o This is Sessions! @thisissessions thisissessions.com. Fica entre - Entrecampos e a Cidade universitária. De manhã tenho uma rotina de estudo de voz, guitarra e piano, faço arranjos e revisões no meu repertório. Normalmente estas minhas sessões de estudo acabam inevitavelmente por desaguar em novas composições, e tenho o meu equipamento já preparado e montado para essas ocasiões. Temos ensaio com a banda á tarde, porque estamos a preparar o concerto de 31 de Marco no Museu do Oriente, portanto asseguramo-nos que a sala está preparada para o ensaio e saímos para almoçar. A escolha de restaurantes ali nas Avenidas Novas é diversificada, mas os nossos restaurantes preferidos são o Lucimar ou a Churrasqueira da Beira. Eu e o Theo somos adeptos de peixe grelhado e estes dois restaurantes têm muitas opções.
4. Caminhar
Jardim Gulbenkian e Praça de Espanha
Quarta-feira, 22 de março

Hoje é mais um dia de trabalho no "Sessions" o nosso laboratório criativo e estúdio de gravação, mas quando o trabalho é muito intenso eu e o Theo fazemos pausas e aproveitamos para passear no Jardim da Gulbenkian que é muito perto do Sessions. Este Jardim é um espaço onde aproveitamos para descomprimir, tomar um café ou às vezes até fazer reuniões. O Jardim da Praça de Espanha também está muito bonito e quando queremos fazer caminhadas maiores passamos por lá. Outra atividade muito importante que não abdico de fazer em Lisboa é comer castanhas assadas. Adoro andar pelas ruas de Lisboa com uma dúzia de castanhas quentinhas nas mãos.
5. Bar
Tabernaculo by Hernani Miguel
Quinta-feira, 23 de março

A seguir a uma breve paragem pela Manteigaria para degustar um pastel de nata acabadinho de sair do forno descemos o elevador da Bica e fazemos uma visita ao nosso grande amigo Hernâni Miguel no seu espaço na rua de São Paulo - o Tabernáculo - é sempre um sítio onde passa muita gente desde artistas, músicos, atores, artistas plásticos, realizadores de cinema, etc e onde também se pode ouvir música ao vivo. A música é diversificada desde música de Cabo verde, Brasil ou música lusófona em geral. Hoje jantamos com o Hernâni, ele serve sempre um bacalhau ou uma cachupa deliciosa e conversamos e debatemos até longas horas da noite acompanhados por um bom vinho tinto.
6. Ler
Livraria Ler Devagar, LX Factory
Sexta-feira, 24 de março

Hoje é dia de passar pela LX Factory e ir à livraria Ler Devagar passear os olhos pelos livros e pesquisar a coleção de música lusófona. Adoro a Ler Devagar e aliás foi ali que gravei o videoclipe do tema Donna Lee. Gosto muito de passar por aqueles corredores sentir o cheiro e as diferentes personalidades dos livros, encontro sempre algo interessante e acabo sempre por levar algo comigo. A seguir vou passear pela LX Factory porque tem sempre lojas únicas e originais com peças de imobiliário, lojas em segunda mão, de antiguidades, e cafezinhos muito interessantes. Nunca perco a oportunidade de subir ao Miradouro de Santo Amaro para ver a vista impressionante da ponte 25 de Abril e apreciar a beleza arquitetónica desta grande e icónica estrutura.
7. Vintage II
Feira da Ladra
Sábado, 25 de março

Sábado é dia de feira da ladra como vintage lover não posso deixar passar um sábado sem ir lá ir. É um local magnífico onde a palavra de ordem é mesmo diversidade de línguas, de pessoas, de comércio e de ambientes, a feira da ladra atualmente é sinónimo de cosmopolitismo e de globalização. É uma feira que passou por uma transformação enorme e que hoje em dia é o ponto de encontro de várias culturas especialmente é o ponto de encontro de arte e artistas. O Copenhagen Coffee Lab é o sítio ideal para me sentar com um livro na mão, a beber um café e a absorver a energia daquelas ruas movimentadas. Ultimamente foi-me recomendado por um amigo um restaurante na Graça chamado O Cardoso do Estrela d"Ouro, mas visto que é um restaurante muito pequeno e bastante concorrido vou ter de reservar mesa para almoçar para evitar frustrações.
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