Exclusivo  Tozé e Cid, encontro de irmãos

Meio século depois, José Cid e Tozé Brito voltam à obra do Quarteto 1111 para redimir "uma falta de consideração" por parte da editora da altura, que quase deixou esquecer uma das mais criativas e ousadas bandas da história da música portuguesa.

Do insuspeito Jay Z, que usou um sample de Todo o Mundo e Ninguém no tema Marcy Me, incluído no álbum 4:44, de 2017, a artistas nacionais como Salvador Sobral, cuja versão de Pigmentação voltou a resgatar a memória da primeira canção sobre o racismo do pop rock português, obviamente censurada nos idos da ditadura, toda uma nova geração tem descoberto aos poucos a obra do Quarteto 1111. Mas após ter desaparecido tanto das lojas como do éter, fosse causa da censura ou apenas por incompreensão e incompetência das editoras, faltava um documento que não só a recuperasse, mas também para a reinventar. E foi precisamente isso que os seus dois membros mais conhecidos agora fizeram, no projeto Tozé Cid, que como o nome indica volta a juntar José Cid e Tozé Brito num mesmo disco. Ao contrário do que seria expectável, a dupla optou porém por escolher alguns temas menos conhecidos, apostando ao mesmo tempo num produção acústica, de forma a "a dar foco às palavras". O primeiro single escolhido foi precisamente Todo o Mundo e Ninguém, que foi também o primeiro a ser musicado e cantado por Tozé Brito quando chegou à banda. Editada originalmente num single em vinil, só muitos anos mais tarde foi disponibilizada em CD através de uma antologia do Quarteto 1111. O alinhamento inclui ainda João Nada, Domingo em Bidonville e Pigmentação, todas do álbum de estreia do Quarteto, proibido pela censura e retirado do ar das lojas poucos dias depois. Ainda do Quarteto, recuperaram Memo e Os Rios Nasceram Nossos, ambas do single de 1987, que assinalou a reunião do grupo para comemorar vinte anos de carreira. Aos Green Windows, a banda formada a seguir ao fim do Quarteto, resgataram dois lados B: Bola de Cristal (1973) e Uma Nova Maneira de Encarar O Mundo (1974). E mais quatro que provêm de discos de José Cid: Lisboa Ano 3000 (1971), Mitos (1989), Soldados Desconhecidos (1994) e João Gilberto e Astor Piazzolla (2018).

Porquê este disco, agora?
TB:
E porque não agora (risos)? Qualquer altura é sempre uma boa altura para nos juntarmos e fazermos música.

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