O Tesouro fez esta semana a segunda emissão sindicada do ano. A operação, que incidiu sobre títulos a mais de 15 anos, permitiu angariar 3000 milhões de euros. E deu um contributo importante para a execução do plano de financiamento. O Tesouro já angariou dois terços do valor que pretende ir buscar ao mercado no total de 2018..Cristina Casalinho observou ao Dinheiro Vivo que “o grau de execução de Portugal encontra-se alinhado com muitos outros soberanos europeus”. A presidente da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) refere que “existindo a possibilidade do programa de compras líquidas do BCE acabar em setembro e esse encerramento provocar maior volatilidade de taxas de juro, justifica-se que os emitentes queiram evitar um período mais incerto de taxas de juro, antecipando dentro do razoável o cumprimento dos respetivos programas de financiamento”..O Banco Central Europeu (BCE) comprometeu-se a manter compras mensais de ativos no valor de 30 mil milhões de euros até setembro deste ano. E ainda não anunciou o que irá fazer depois desse prazo. A decisão sobre o fim do programa alargado de compras de ativos e a forma como será comunicada pode causar alguma instabilidade nos mercados de dívida da zona euro..Cristina Casalinho defende que apesar de esse risco poder justificar uma antecipação de parte do programa de financiamento, o ritmo que o IGCP está a seguir não difere de anos anteriores. “Tradicionalmente, Portugal realiza dois sindicatos no primeiro semestre do ano e cumpre mais de 65% do programa de financiamento durante os primeiros seis meses do ano.” Estratégia que tende também a ser seguida por outros soberanos. “Este fenómeno é idêntico ao verificado noutros países. Veja-se, por exemplo, a Irlanda que tem um programa de financiamento idêntico a Portugal e que também realizou dois sindicatos este ano, respetivamente em janeiro e abril.” Até porque, explica a presidente do IGCP, “na segunda metade do ano, os meses para realização de sindicatos ficam reduzidos a setembro e outubro”..Desde o início do ano, o Tesouro emitiu 9,5 mil milhões de euros em obrigações do Tesouro (OT), títulos de dívida de médio e longo prazo que são o principal instrumento de financiamento do Estado. O IGCP prevê que no total de 2018, o valor necessário a obter através de OT seja de 15 mil milhões de euros.