Cortes em Espanha tiram lucro à EDP Renováveis
Só nestes primeiros três meses de 2014, a EDP Renováveis assegurou 530 MW de projetos com novos contratos com tarifas fixas até 25 anos, ou seja, durante este período irá receber sempre o mesmo valor pela venda da energia à rede quer ela seja mais barata ou mais cara.
Destes, 350 MW ficam nos EUA, onde a empresa portuguesa voltou a apostar em força devido às boas condições regulatórias e aos bons preços de venda da eletricidade produzida. E 180 MW ficam no México, um novo mercado onde a Renováveis assegurou o primeiro contrato - a 25 anos - há duas semanas.
Além disso, esta quarta-feira, o consórcio que integra a Renováveis e a GDF Suez ganhou um concurso do governo francês para desenvolver um projeto de 1000 MW em alto mar, ao largo da Normandia.
Mas há outras razões para João Manso Neto estar tranquilo e uma delas está relacionada com a qualidade dos ativos que já têm em funcionamento. "Em termos operacionais, a excelência da empresa está comprovada, tal como na disciplina financeira", disse Manso Neto ontem na conference call de apresentação das contas aos analistas do mercado.
Eólicas que produzem como uma central nuclear
O projeto ganho pela EDP Renováveis em França esta semana é um dos maiores projetos de sempre que a empresa portuguesa vai desenvolver, tanto em alto mar como em terra, mas também em termos de estrutura e de investimento. São dois parques de 500 MW cada um - mais ou menos a mesma capacidade que uma central nuclear -, com um total de 166 turbinas fornecidas pela fabricante francesa Areva e um investimento estimado de quatro mil milhões de euros.
Este é também o segundo projeto offshore que a empresa portuguesa, já que hoje tem apenas a funcionar a turbina Windfloat em Portugal, e ainda o confirmar da aposta em novas tecnologias, tal como tinha sido definido para o mandato 2012-2015. "O mercado offshore teve um crescimento considerável na Europa e será uma nova fonte de crescimento no longo prazo", pode ler-se no relatório e contas de 2013 da Renováveis, onde se acrescenta que "o mercado offshore na Europa atingiu valores históricos em termos de novas instalações, ao acrescentar 1,6 GW, o que representa um aumento de 34% face a 2012".
EBITDA não deve voltar a descer este ano
Manso Neto acredita que a quebra nos resultados sentida este trimestre e que o impacto das alterações regulatórias em Espanha não se voltarão a verificar. "Estamos confiantes que no ano todo de 2014 teremos um EBITDA estavel quando comparado com o ano anterior", disse na conference call.
Para o CEO da Renováveis, a descida do EBITDA neste primeiro triestre está relacionada com vários fatores. Por um lado, a produção subiu porque esteve mais vento, mas como choveu muito os preçºos no mercado baixaram e a remuneração da empresa foi menor. Ora, no resto do ano não deverá chover tanto e por isso os preços de mercado serão mais favoráveis, reparou Manso Neto.