Conteúdos de futebol. NOS e Vodafone chegam a acordo. Só falta modelo

NOS quer definir com a Vodafone a distribuição dos conteúdos desportivos. Operadores que se queiram juntar têm de aceitar as mesmas condições.
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A NOS chegou a acordo a Vodafone e deu o pontapé de saída para uma futura definição sobre o modelo de distribuição dos conteúdos de futebol pelos quais pagou, só com os acordos com o Benfica e o Sporting, 846 milhões de euros.

A operadora liderada por Miguel Almeida fechou com a Vodafone um Memorando de Entendimento (MoU) "que tem como objeto a definição das principais linhas de um acordo para a disponibilização recíproca de direitos de transmissão relativos a eventos desportivos, bem como de direitos de transmissão e distribuição de canais de desporto e de canais de clubes, que sejam atualmente detidos ou venham a ser adquiridos pelas partes, e a comparticipação nos custos (atuais e futuros) associados a estes conteúdos desportivos", informou a operadora em comunicado.

Um acordo futuro que a NOS quer estender a outros operadores. Mas com uma ressalva: têm de aceitar as mesmas condições definidas entre as duas companhias. "No referido MoU prevê-se ainda que os demais operadores de comunicações eletrónicas presentes no mercado português poderão aderir ao acordo que venha a ser estabelecido, desde que tal adesão seja efetuada nos termos e em condições idênticas às acordadas entre as partes", frisa a NOS, no comunicado enviado ao mercado.

O acordo "produzirá os seus efeitos já a partir da época desportiva 16/17, garantindo assim que todos os clientes da NOS e da Vodafone terão acesso ao canal do Benfica e aos jogos do Benfica em casa, independentemente do canal onde estes jogos sejam transmitidos", informam as duas operadoras num comunicado conjunto enviado às redações.

Que modelo de distribuição será definido entre a NOS e a Vodafone ainda nada é conhecido: nem que canais irão emitir os jogos, nem que montantes da "compartição nos custos (atuais e futuros) associados a estes conteúdos desportivos". Mas ao fechar este acordo com a Vodafone, a NOS dá um sinal à PT/Meo, seu concorrente na corrida aos conteúdos de futebol: se quiserem participar têm de aceitar as condições definidas neste memorando.

Acordo pressiona PT/Meo

Com este passo a NOS concretiza uma intenção há muito manifestada por Miguel Almeida, de que os conteúdos de futebol não seriam um exclusivo da operadora que garantiu 73% dos jogos da Liga NOS (1º Liga), inclusive os jogos do Benfica e Sporting, bem como os direitos sobre o Benfica TV e Sporting TV. E o mesmo lembra Miguel Almeida. "Este acordo é um passo determinante na concretização do compromisso que assumimos, desde o primeiro momento, em assegurar condições para que os conteúdos desportivos estejam disponíveis para todos os operadores", diz o CEO da NOS citado em nota de imprensa.

“Este é um momento muito importante e decisivo para a Vodafone e para o mercado, na medida em que nos permite cumprir a promessa de levar aos nossos clientes os conteúdos que estes valorizam e lançar as bases para o desenvolvimento de um mercado de acesso a conteúdos que gostaríamos que fosse universal”, diz Mário Vaz, citado em nota de imprensa.

O acordo agora anunciado surge ainda a poucos meses dos direitos dos jogos do Benfica passaram a serem geridos pela operadora, aumentando a pressão para uma definição ao nível do modelo de distribuição. Até aqui os jogos eram transmitidos no Benfica TV, se isso se mantém no futuro ou eventualmente passarão a ser transmitidos na Sport TV (onde a NOS é acionista com 50%) a empresa ainda não esclareceu.

Com este acordo a NOS aumenta ainda a pressão sobre a PT/Meo. Até ao momento, a companhia detida pela Altice garantiu que os conteúdos que comprou, como os dos jogos do FC Porto e do Porto Canal, não serão exclusivos, mas que não serão vendidos "a qualquer preço". Os jogos só passam a ser geridos em 2018, altura em que expira o acordo com a Olivedesportos/PPTV de Joaquim Oliveira, mas os dos Porto Canal estão na Meo desde o final do ano passado. A tentativa de negociar com a NOS a transmissão do Porto Canal terminou com a suspensão da emissão do sinal para os clientes da operadora de Miguel Almeida, que respondeu com uma providência cautelar da qual ainda não é conhecida decisão.

(notícia atualizada às 9h06 com declarações de Miguel Almeida e Mário Vaz)

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