Tensão arterial: uma preocupação de todos

Tensão arterial: uma preocupação de todos

Do diagnóstico ao tratamento, a hipertensão é uma doença que requer bastante vigilância e comprometimento total. E ao contrário do que se pode pensar, afeta novos e velhos.
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A hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco cardiovascular, responsável por uma alta taxa de mortalidade, mas também por muitas sequelas e incapacidades que ficam após os acidentes e limitam essas vidas. Nas palavras de Rosa de Pinho, presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH), "muitas pessoas não sabem que são hipertensas e, por outro lado, quem sabe não dá a devida atenção à doença nem cumpre corretamente a terapêutica e a vigilância".

Os doentes crónicos devem ser os principais vigilantes, mas todos devem ser alvo de atenção incluindo crianças e adolescentes. A pressão arterial deve ser medida a partir dos três anos porque, como dizem os especialistas, esta não é uma doença só de adultos. O sedentarismo e a falta de exercício físico que afeta também muitas crianças é um problema cada vez mais grave devido aos índices elevados de obesidade. Com menos brincadeiras e atividades na rua, os mais pequenos também precisam de ser acompanhados.

Qualquer pessoa deve fazer um teste desta natureza, seja numa qualquer farmácia ou em casa, com um aparelho de medir a tensão e respeitando algumas condições como estar tranquila e sentada com as costas direitas. A iniciativa "Pela Saúde de Portugal" dá também oportunidade a todos de fazerem um rastreio gratuito na sua cidade com profissionais de saúde, com a organização da SPH, do Diário de Notícias e da TSF, com apoio da Servier Portugal.

A hipertensão é maioritariamente associada aos problemas no coração, mas nesta resenha sobre as patologias que se desejam mitigar também o cérebro e outros órgãos merecem uma nota da presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão. "O controlo da doença é fundamental. Cada vez temos mais pessoas com demência e problemas renais que advêm da hipertensão. É importante que as pessoas percebam que a doença é assintomática, ou seja, não se dá por ela, é silenciosa, mas quando existe vai afetando diversos órgãos", afirma.

"Um doente bem tratado já não vai entrar na urgência, não vai ficar internado nem ocupar uma cama de hospital durante muitos dias"

Combinações fixas é prevenir melhor

Estreitar a relação entre profissionais de saúde e pacientes também é um passo importante para uma melhor prevenção da hipertensão. Ana Correia de Oliveira, coordenadora da USF da Cedofeita, lembra que o doente tem de ser o primeiro a querer tratar-se. "Na consulta pergunto sempre o que é que o doente consegue fazer para nós, médicos, alterarmos a situação? Os doentes têm de assumir um papel mais ativo no controlo da própria doença", considera.

Uma das principais dificuldades há muito denunciada no combate às doenças cardiovasculares é a falta de adesão dos doentes aos tratamentos. As terapêuticas existem no mercado, até com comparticipação satisfatória no entender das associações de doentes, mas como se trata de doença que não é visível, são muito frequentes os esquecimentos e aos primeiros sinais de melhoria também há medicamentos deixados de lado. A estratégia tem sido encontrar fármacos que mais facilmente cubram as necessidades dos pacientes.

Neste particular, Rosa de Pinho dá o exemplo de receitar apenas um comprimido de efeito prolongado em vez de dois com menos tempo de atuação porque essa prática vai facilitar a vida do doente. Como médica, afirma ter a responsabilidade de pensar e medicar um doente com o melhor tratamento possível, mas que também seja fácil de cumprir. "Recomendam-se combinações fixas, ou seja, quando o doente tem de tomar dois ou três comprimidos diferentes, existe a possibilidade de lhe dar essa medicação num comprimido só. Temos até combinações fixas que acabam por ser mais económicas do que, por exemplo, os medicamentos em separado e em genérico. Cada caso é um caso e a questão de saúde tem de ter investimentos agora para trazer benefícios e poupanças a longo prazo. Um doente bem tratado já não vai entrar na urgência, não vai ficar internado nem ocupar uma cama de hospital durante muitos dias".

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