Metade dos portugueses têm baixa literacia em saúde

Metade dos portugueses têm baixa literacia em saúde

A Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde defende que esta matéria entre nas salas de aula, porque melhores níveis de literacia dão mais saúde e poupam dinheiro aos cidadãos e ao Estado, diz a sua presidente, Cristina Vaz de Almeida.
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que a literacia dá mais saúde. Mas os níveis de literacia são baixos em muitos países e Portugal é disso um exemplo. Estima-se que 50% da população tem baixa literacia em saúde. Ou seja, metade da população não consegue compreender nem aceder da melhor forma aos recursos de saúde e, com isso, toma decisões pouco acertadas. Mas apostar na literacia é também poupar recursos financeiros.

Quando a pessoa toma melhores decisões em saúde sabe, por exemplo, quando deve ir à urgência. Sabe também que tem de tomar a medicação até ao final para fazer a adesão terapêutica. E o que é que os estudos mostram? Que quando se controla melhor a saúde, poupa-se mais. Não só o indivíduo, poupam também as organizações, porque os profissionais têm mais tempo até para investigação, sem sobrecarga no atendimento. 

A Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde defende estratégias orientadas nas políticas públicas. Nós não podemos tratar, por exemplo, em termos de intervenção de literacia em saúde, uma pessoa que tenha 65 ou 70 ou 80 anos, da mesma forma que tratamos um jovem com 14 anos. As estratégias têm de ser diferenciadas.

Com o ano escolar a começar, é importante implementar no currículo escolar a literacia em saúde.

Um exemplo é o processo de vacinação. É preciso desconstruir a ideia de que só os mais novos devem ser vacinados. E é preciso que as pessoas compreendam que ao longo da vida têm de ser vacinadas, que há momentos que são críticos, por exemplo, a questão da vacinação para a gripe, que seja feita atempadamente, agora, nestes próximos meses, e outras questões. A pessoa mais velha, e vamos viver numa sociedade geriátrica, vai ter uma necessidade constante de atualizar o seu boletim de vacinas, porque é isso que lhe vai dar mais saúde. Porque aquilo que acontece é que enquanto nos países nórdicos os anos com qualidade de vida após os 65 são mais 15, em Portugal, infelizmente, são apenas mais de seis anos e meio.

Com o ano escolar a começar, é importante implementar no currículo escolar a literacia em saúde. Falou-se agora na implementação nas escolas das várias literacias, mas a Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde ainda é muito pouco contactada pelo sistema de ensino. Continuamos com um nível muito baixo de conhecimento nesta área, o que é uma perda para a sociedade como um todo.

O autor do artigo não recebe qualquer honorário para colaborar nesta iniciativa.

Esta iniciativa é apoiada pela GSK, sendo os artigos integrados no projeto Ciência e Inovação da responsabilidade dos seus autores.

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