Dia Mundial da Saúde Ambiental: inaladores mais ecológicos

Dia Mundial da Saúde Ambiental: inaladores mais ecológicos

Em Portugal, os inaladores usados no tratamento de doenças respiratórias são responsáveis por emissões significativas de gases com efeito de estufa. No Dia Mundial da Saúde Ambiental, é crucial refletir sobre o impacto ambiental do setor da saúde e procurar soluções sustentáveis.
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Os inaladores para doenças respiratórias, como a asma, salvam vidas e melhoram a qualidade de vida de milhares de pacientes. No entanto, estes dispositivos têm um impacto ambiental significativo. Dados recentes indicam que 4,8% das emissões anuais de gases com efeito de estufa em Portugal são provenientes do setor da saúde, superando a média global de 4,4%. Uma parte considerável dessas emissões provém dos inaladores pressurizados, que utilizam gases fluorados nocivos ao ambiente.

Em 2022, foi calculado que os inaladores pressurizados emitiram cerca de 30 mil toneladas de dióxido de carbono, equivalente a 150 viagens transatlânticas entre Londres e Nova Iorque. O Conselho Português para a Saúde e Ambiente, em parceria com sociedades científicas e de doentes, emitiu recomendações com vista a reduzir o impacto ambiental destes dispositivos.

Inaladores de pó seco como alternativa

Sempre que possível, deve-se optar pelos inaladores de pó seco que não emitem gases com efeito de estufa, uma vez que são igualmente eficazes no tratamento das doenças respiratórias. Para promover a adoção desta prática, sugere-se a introdução de um código de cores nas plataformas de prescrição, de modo a identificar claramente a pegada ambiental de cada inalador. Assim, os médicos poderão fazer escolhas mais sustentáveis.

A reciclagem e a consciencialização

Outra medida fundamental é incentivar a devolução de inaladores usados nas farmácias, para que sejam devidamente reciclados. A sustentabilidade em saúde deve ser uma prioridade em todas as decisões do setor, desde a compra de equipamentos até à prescrição de medicamentos.

Só 58% dos médicos têm conhecimento da pegada ambiental dos inaladores e 70% não tem em conta critérios de sustentabilidade ambiental no momento da prescrição. Surpreendentemente, as gerações mais jovens de médicos são as que menos consideram o impacto ambiental nas suas prescrições, o que reforça a necessidade de sensibilizar a classe médica para a impacto negativo dos inaladores pressurizados. Este tema deve ser integrado na formação pré e pós-graduada dos profissionais de saúde, preparando-os para os desafios ambientais futuros.

A prescrição de inaladores de pó seco e a sensibilização dos profissionais de saúde são aspetos essenciais para reduzir a pegada ecológica no setor da Saúde.

A transição necessária

Felizmente, já se observa uma transição para práticas mais sustentáveis. O Conselho Europeu emitiu uma diretiva que regula a produção de gases fluorados, com o objetivo de eliminá-los gradualmente até 2030. Laboratórios farmacêuticos estão a trabalhar ativamente no sentido de desenvolver inaladores mais ecológicos e eficazes.

É crucial que esta transição seja acompanhada por uma maior sensibilização, tanto dos profissionais de saúde, como dos doentes. Todos têm um papel a desempenhar na redução da pegada ecológica do setor, começando pela escolha do inalador adequado e pela sua devolução para reciclagem.

Os autores do artigo não recebem qualquer honorário para colaborar nesta iniciativa.
Esta iniciativa é apoiada pela GSK, sendo os artigos integrados no projeto Ciência e Inovação da responsabilidade dos seus autores.

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