Em Portugal, tal como na Europa, os cancros do endométrio e do ovário estão entre os 10 cancros com maior incidência nas mulheres, sobretudo após a menopausa. O mais comum entre os dois é, sem dúvida, o cancro do endométrio. A cirurgia é habitualmente o tratamento inicial..Apesar de não ser tão comum, o cancro do ovário é mais agressivo, uma vez que o diagnóstico é efectuado, em cerca de 75% em estádios mais avançados da doença. A cirurgia primária de cito-redução, R0, constituir a primeira linha terapêutica desejável, para uma maior sobrevida e intervalo livre de doença, num grande número de casos, devido a grande carga tumoral, tem de se iniciar o tratamento por terapêutica sistémica, quimioterapia, com o objectivo de reduzir volume tumoral e obter uma melhoria sintomática..A genética assume uma parte importante na deteção precoce . A avaliação da história familiar, sobretudo quando a mãe ou a avó que tiveram cancro de ovário ou cancro da mama, constituem fatores de alerta..Quanto aos fatores de risco mais frequentes no carcinoma do endométrio, a obesidade, o sedentarismo e dietas ricas em hidratos de carbono e lípidos..Uma ida ao ginecologista deve ser tão regular como uma ida ao dentista: pelo menos uma vez por ano..Deteção precoce.A prevenção e a deteção precoce destes dois tipos de cancro faz, muitas vezes, a diferença entre a vida e a morte. Quanto mais tarde são detetados, mais agressiva é a doença. Por outro lado, se detetados precocemente, os prognósticos são mais animadores, quer para o sucesso da terapêutica quer para hipótese de cura..Aposta na literacia.A generalidade das mulheres não tem informação suficiente sobre estas doenças e o que devem fazer para as prevenir. De acordo com um estudo, cerca de 44% das mulheres afirmaram não sentir necessidade de visitar um ginecologista. Uma vez que o cancro do endométrio e o cancro do ovário são patologias silenciosas, é importante associações como o Movimento do Cancro do Ovário e Outros Cancros Ginecológicos (MOG) darem-lhes voz, promovendo um aumento da literacia em saúde oncológica. .Criar o hábito de ir ao ginecologista.Existe ainda muito preconceito relativamente ao ginecologista ser apenas obstetra, mas deverá ser uma consulta tão regular como ir ao dentista (pelo menos uma vez por ano). Por outro lado, é fundamental as mulheres aprenderem a sentir o seu próprio corpo. Por vezes, os sinais de alerta podem apresentar-se desde um ligeiro cansaço até a uma fadiga extrema. E as mulheres, nas suas constantes solicitações diárias, descuram a fadiga e outros sinais como a sensação de inchaço, enfartamento, uma necessidade mais frequente em urinar, obstipação ou ainda aumento ou perda de peso. Quando estes sintomas persistirem mais de 10 dias são motivo para alertarmos o médico de família ou o ginecologista..Finalmente, a consciencialização da população e das mulheres em particular para a importância de realizarem exames com regularidade é um aspeto fundamental na prevenção..Entrevistadas:Isabel Henriques, médica ginecologistaCláudia Fraga, presidente do Movimento do Cancro do Ovário e Outros Cancros Ginecológicos (MOG).As autoras do artigo não recebem qualquer honorário para colaborar nesta iniciativa..Esta iniciativa é apoiada pela GSK, sendo os artigos integrados no projeto Ciência e Inovação da responsabilidade das suas autoras