42% da população portuguesa tem hipertensão arterial

42% da população portuguesa tem hipertensão arterial

Uma em cada quatro pessoas não sabe que tem esta doença crónica, principal causadora dos acidentes cérebro-cardiovasculares. Neste Dia Mundial da Hipertensão, controlar os elevados níveis de pressão sanguínea nas artérias é o desafio que se coloca a estes doentes.
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O 17 de maio é, desde há alguns anos, a data escolhida pela Liga Internacional de Hipertensão para assinalar o Dia Mundial da Hipertensão (HTA). O objetivo é alertar, elucidar e consciencializar a população para um problema de saúde pública com relevância mundial.  A Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH) faz coincidir este dia com mais uma ação de rastreio da campanha “Pela Saúde de Portugal” que está em Lisboa, esta sexta-feira. A população é convidada a dirigir-se ao posto móvel instalado junto à igreja São João de Brito, na Avenida da Igreja, entre as 9 e as 17 horas, para medir gratuitamente os níveis da pressão arterial e fazer o doseamento do colesterol. A medição regular desses níveis é um passo importante e decisivo para evitar problemas maiores.

Não escolhendo idades, a Hipertensão é, na maior parte das vezes, uma doença silenciosa que se manifesta apenas quando o problema acontece e, por essa razão, é tão importante prevenir, diagnosticar e tratar.  Fernando Gonçalves, médico de Medicina Interna e Intensiva, realça as idades cada vez mais jovens de doentes que chegam aos hospitais. “O modo como a sociedade está a viver determina muito os fatores que são negativos para esta doença a começar, desde logo, pelo sedentarismo e obesidade”. A presidente da SPH culpa as novas tecnologias por roubarem às crianças e jovens tempo que antes era utilizado em brincadeiras e exercícios que os motivava fisicamente. “Claro que as tecnologias são excelentes e temos de as utilizar, mas os familiares dos mais novos têm de os incentivar a praticar mais desporto e a não dispensarem tanto tempo sentados em frente aos ecrãs”. Para consciencializar melhor a população sobre este fenómeno, Rosa de Pinho avança números e afirma que as estatísticas apontam para que em cada dez pessoas quatro adultos venham a ter Hipertensão Arterial. “No que diz respeito às crianças e adolescentes, atualmente, em cada dez, duas já são diagnosticadas com pressões arteriais elevadas. O quadro que temos pela frente é assustador se não forem alterados hábitos e estilos de vida”.  

Medir a HTA em casa

A medição dos valores da pressão arterial no consultório médico, na farmácia ou mesmo em casa é um primeiro e fundamental passo para controlar a doença. Determinar regularmente os níveis ajuda a prevenir surpresas, mas para quem faz essa avaliação em casa, os profissionais de saúde chamam a atenção para dois fatores: a discrepância entre valores medidos em casa e no consultório e a necessidade de serem utilizados equipamentos certificados.

Neste caso, Rosa de Pinho acrescenta que “14/9 pode ser tolerável numa medição com um médico ou farmacêutico, mas em casa o valor não poderá ser tão elevado. 13/8 será um nível limite aceitável”. Parte destas diferenças de valores deve-se ao tipo de equipamentos utilizados e, com este argumento, os doentes são aconselhados a comprarem apenas instrumentos de medição com a norma CE da União Europeia, o que nem sempre acontece quando adquiridos na internet ou em hipermercados.

O rastreio “Pela Saúde de Portugal” está a percorrer o país. Esta sexta-feira, 17 de maio, Dia Mundial da Hipertensão, o posto móvel está instalado na Avenida da Igreja, em Lisboa, junto à Igreja de S. João de Brito, entre as 9 e as 17 horas.

Missão 70/26 já tem um ano

A campanha de rastreio da Sociedade Portuguesa de Hipertensão e da farmacêutica Servier, que passa agora por Lisboa e ainda se vai estender a Évora e Faro, veio reforçar a Missão 70/26 da sociedade científica, que pretende alcançar até 2026 a percentagem de 70% de doentes hipertensos controlados. O primeiro relatório desta iniciativa concluiu ter existido um aumento no controlo da pressão arterial em indivíduos entre os 18 e os 65 anos. Do ponto de vista geográfico, quem organiza a Missão afirma que houve uma redução da assimetria reportada anteriormente nas zonas Norte e interior do Centro do país. No documento lê-se que é possível “verificar que a percentagem dos hipertensos controlados e vigiados no último semestre (de 2023) foi de cerca de 60%, havendo pontos a carecer de uma reflexão e intervenção mais profunda, como é o caso da sazonalidade no mês de dezembro.” A SPH continua a admitir que a proposta de atingir o alvo de 70% em 2026 é possível.

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