Consumidores de Produtos Financeiros: Depósitos com taxas zero são "péssimos para particulares"

A Associação Portuguesa de Consumidores e Utilizadores de Produtos e Serviços Financeiros considerou hoje "péssimo para os depositantes particulares" o facto de vários bancos não remunerarem os depósitos a prazo, embora os clientes sejam obrigados a pagar comissões, reagindo, assim, à <a href="https://www.dinheirovivo.pt/Economia/interior.aspx?content_id=4469079" target="_blank">notícia publicada esta segunda-feira pelo Dinheiro Vivo</a>.
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Em declarações à agência Lusa, António Júlio de Almeida, membro da direção da Associação Portuguesa de Consumidores e Utilizadores de Produtos e Serviços Financeiros (SEFIN), afirmou que o facto da taxa de juro negativa ou zero, que os bancos estão a oferecer aos seus depositantes, também não agrada aos bancos, embora seja mais lesiva para os depositantes.

"Evidentemente é péssimo para os particulares que depositam, mais grave para o caso dos particulares que não só não recebem taxas de juro, como também têm de pagar por emprestar dinheiro aos bancos, quando estes cobram comissões de gestão estão a querer que as pessoas ponham lá dinheiro e paguem ao banco", sublinhou o mesmo responsável.

Os depósitos a prazo estão cada vez menos convidativos para os clientes, com os bancos a pagarem cada vez menos para se financiarem junto do Banco Central Europeu (BCE).

Banif, BPI e o Novo Banco são, para já, os três bancos com depósitos a zero por cento. Nos preçários de março, várias instituições bancárias voltaram a descer as remunerações que estão dispostas a pagar para que os clientes depositem o dinheiro nos seus cofres.

Nas declarações à Lusa, António Júlio de Almeida ironizou ao aconselhar os depositantes a deixarem de entregar as poupanças aos bancos e a ficarem com o dinheiro em casa, mas alertou que, se essa posição fosse tomada, dar-se-ia o colapso do sistema financeiro.

"Se as pessoas tirarem o dinheiro dos bancos, colapsa o sistema financeiro. Mais de 70% do dinheiro dos bancos são das pessoas, particulares e famílias. Não se pode dizer isso tendo em vista o interesse nacional, mas do ponto de vista do mercado, dá vontade de o dizer", sublinhou.

No entanto, António Júlio de Almeida reconheceu que a economia faz-se de ciclos e sublinhou que estamos "no início de um processo de retoma".

"Será um ciclo com mais um ou dois anos e depois iremos voltar à normalidade. Esta situação agora é excecional, tenderá a corrigir-se", explicou.

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