Compra de carros em leasing caiu para metade de janeiro a abril
O volume de negócios suportado pelo factoring
(antecipação do pagamento de faturas) caiu 41%, para os 3,5 mil milhões de euros, nos primeiros quatro meses de 2012. No leasing, a produção até abril está ao nível do que antes se fazia em apenas um mês.
Entre janeiro e abril deste ano, o recurso das empresas ao factoring "encolheu" 2,4 mil milhões de euros face ao período homólogo, segundo revelam os dados da Associação Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting (ALF) facultados ao Dinheiro Vivo. Esta situação revela não apenas as maiores dificuldades das financeiras em acederem e concederem este tipo de crédito, como também o "travão" que a crise está a pôr à atividade económica das empresas. Este é o primeiro ano desde que a crise económica se instalou que a produção de factoring está a revelar uma descida tão acentuada porque, como salienta o presidente da ALF, ao contrário do leasing, que antecipa em cerca de um ano o abrandamento da atividade económica, o factoring tende a quebrar quando a crise está já instalada e se prolonga.É isso que explica que, em 2009, quando o leasing já estava a registar quebras de 35%, o factoring estivesse ainda a subir, surgindo de resto, às empresas, como alternativa ao crédito tradicional. Em 2011, a produção de factoring somou 5,9 mil milhões de euros nos primeiros quatro meses; este ano, o volume registado foi de 3,5 mil milhões. No leasing, o panorama é igualmente negativo e mais uma vez indicador da forte travagem da atividade e intenções de investimento das empresas. Os dados desde o início do ano até abril revelam uma quebra de 46% no leasing mobiliário (que engloba a compra de viaturas), a maior dos últimos três anos, segundo assinala José Beja Amaro. No total, este produto movimentou 325 milhões de euros. "Uma valor que há quatro anos atrás se fazia em apenas um mês", refere o presidente da ALF, sublinhando que é preciso recuar ao século passado para se encontrarem produções tão baixas.Usar o leasing mobiliário para financiar a aquisição de viaturas é uma solução a que recorrem especialmente as empresas, que no seu conjunto concentram entre 70% a 80% deste negócio. Mas é também junto do setor empresarial que o travão agora sentido está a ser mais forte. De acordo com Beja Amaro, a descida homóloga do financiamento de viaturas através de leasing desceu 60% nas empresas e 32% junto dos particulares.Outro dos sinais da crise é visível na maior dificuldade que empresas e famílias têm para pagar os encargos mensais do leasing do carro, o que tem levado a prolongamento dos prazos do contrato, quer dos que já estão em vigor, quer dos novos. Além disto, ambos os segmentos estão a prolongar os contratos por pelo menos mais um ano. Como noutros créditos, deve verificar-se primeiro se a mudança traz penalizações.José Beja Amaro acredita que 2013 pode ser igualmente negativo se a Europa não der um sinal de retoma integrada.