A Comissão Política e o Secretariado do PCP, órgãos executivos do partido, foram eleitos por unanimidade pelo Comité Central, assim como o secretário-geral, Paulo Raimundo, foi anunciado este domingo no 22.º Congresso dos comunistas, que decorre em Almada..Os dois órgãos foram eleitos numa reunião do novo Comité Central, no sábado à noite, no Complexo Municipal dos Desportos "Cidade Almada", mas os resultados só agora foram divulgados..Nessa reunião, o novo Comité Central também reelegeu o secretário-geral do partido, Paulo Raimundo, por unanimidade, sendo que o próprio "entendeu não votar na sua própria candidatura"..Além destes dois órgãos executivos, também a Comissão Central de Controlo foi eleita por unanimidade..A nova Comissão Política tem menos um membro do que a anterior - passa de 24 membros para 23 -, o que se deve à saída de três membros - Armindo Miranda, Gonçalo Oliveira e João Dias Coelho - e à entrada de dois: João Luís Silva e Margarida Botelho..Já o Secretariado, fica praticamente inalterado, mantendo-se os nove membros cessantes e havendo apenas um acrescento: o dirigente Vladimiro Vale - que já pertencia à Comissão Política - passa também a integrar este órgão..Passa assim a haver dois novos membros no 'núcleo duro' da direção comunista (membros que acumulam funções na Comissão Política e no Secretariado): Margarida Botelho e Vladimiro Vale..Até ao momento, esse núcleo era apenas composto por Francisco Lopes, José Capucho e Jorge Cordeiro, além do secretário-geral do partido, Paulo Raimundo..Sábado, a proposta de composição do novo Comité Central do PCP foi aprovada pelos delegados ao Congresso do partido com 98,6% dos votos, contando com 959 votos a favor, seis contra e oito abstenções..A lista, proposta pelo Comité Central cessante, consagra uma direção mais pequena, sendo composta por 125 membros, com 25 entradas de membros e 29 saídas, segundo indicou o dirigente do PCP José Capucho..Entre os 29 membros que saíram do Comité Central, está a ex-deputada Alma Rivera, a ex-eurodeputada Ilda Figueiredo e os antigos membros da Comissão Política comunista Armindo Miranda e João Dias Coelho..Já entre os 25 novos membros, consta Tânia Mateus, técnica superior de 45 anos, que, em outubro, assumiu temporariamente o cargo de deputada na Assembleia da República, em substituição de Paulo Raimundo, que tinha interrompido o seu mandato para usufruir da licença de paternidade..Transitam para a nova direção comunista, do Comité Central cessante, 100 membros, entre os quais o atual líder comunista, Paulo Raimundo, o ex-secretário-geral do PCP Jerónimo de Sousa, o eurodeputado João Oliveira, o vereador na Câmara de Lisboa e ex-candidato presidencial João Ferreira, a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, o deputado António Filipe, o secretário-geral da CGTP, Tiago Oliveira, e o ex-autarca de Loures Bernardino Soares..A nova direção comunista é mais jovem - a média de idades passa dos 49 anos consagrados em 2020 para os 48 - e terá mais mulheres (a proporção aumenta de 27,3% para 30,4%)..Proposta de resolução política aprovada sem votos contra e com quatro abstenções.A versão final da proposta de resolução política foi aprovada pelos cerca de mil delegados comunistas sem qualquer voto contra e com apenas quatro abstenções..Esta votação, de braço no ar, aconteceu imediatamente antes do início da sessão de encerramento do congresso de Almada, que terá como principal momento o segundo discurso de fundo a cargo do secretário-geral do partido, Paulo Raimundo..No último congresso do PCP, em Loures, em 2020, a proposta de resolução política apresentada pelo Comité Central do partido teve aprovação por unanimidade..As atuais Teses - Projeto de Resolução tiveram uma primeira aprovação no final de setembro em reunião do Comité Central do partido, tendo sido depois alvo de debate interno por parte dos militantes..No documento, o PCP defende a apresentação de uma candidatura própria às eleições para Presidente da República em 2026 e considera que a situação política nacional é marcada pelo “prosseguimento e aprofundamento da política de direita”, a favor dos grupos económicos e do “grande capital”, e que tem sido implementada quer pelo PS, quer pelo PSD, que considera partilhar objetivos “em questões essenciais”..O partido acrescenta ainda que essa política tem recebido o “apoio e a cumplicidade do Presidente da República” e contribuiu para “abrir campo e espaço político a forças reacionárias e retrógradas, Chega e IL, sucedâneas de PSD e CDS, que partilhando integralmente dessa política, beneficiam do engano a que muitos são conduzidos pela sua demagogia”..Nesta análise à situação política nacional, o PCP é muito crítico do PS, que acusa de ter implementado “um percurso e opções que não descolam, no que é essencial, dos interesses do capital”..Sobre o Governo atual da AD (Aliança Democrática), o PCP salienta que os seus primeiros meses de mandato “confirmam que PSD e CDS, em convergência com Chega a IL, procuram levar mais longe a política de direita, ao serviço do grande capital” e acusa o PS de mostrar “demissionismo para enfrentar as opções do atual Governo e maioria”..Neste contexto, o PCP defende que a sua afirmação “como a verdadeira força de oposição e de alternativa emerge como um imperativo” e estabelece como objetivo “a rutura com a política de direita, a defesa do regime democrático, a afirmação da política patriótica e de esquerda e a construção da alternativa política”..O partido reconhece que, desde o último Congresso do PCP, em 2020, tem assistido a uma “redução da influência eleitoral do partido”, mas refere que tem enfrentado “um prolongado enquadramento caracterizado pela hostilidade e menorização”.