Combustíveis: valor de referência não é comparável com preço na bomba

O preço de referência dos combustíveis e do gás de botija, que são publicados a partir de hoje no site da Entidade Nacional para o Mercado dos Combustíveis (ENMC), não vão incluir alguns dos custos que as empresas têm neste negócio e por isso não vão ser diretamente comparáveis com os preços pagos na bomba.
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Segundo a ENMC, o preço de referência vai resultar da soma de apenas parte dos custos que as empresas têm, neste caso, da

cotação do petróleo, do frete, da descarga e da armazenagem, da

incorporação dos biocombustíveis, dos impostos, das reservas de

crude que as empresas são obrigadas a ter para casos de emergência

e do enchimento das botijas, no caso do gás.

Ou seja, não está incluído o que os operadores pagam pelo transporte, logística, comercialização e marketing, ou seja, as parcelas mais variáveis e onde, no entender da ENMC, as empresas têm mais margem para mexer, ou seja, para sacrificar mais lucros.

"Nesta proposta, a ENMC considerou

adequado não incluir o transporte interno e a margem bruta de

comercialização para evitar a complexidade da considerração das

múltiplas geografias e do funcionamento de postos de abastecimento

ou das cadeias logísticas de transporte de botijas. Dessa forma

resultariam uma multiplicidade de preços de referência,

contribuindo para um excesso de informação que pertubaria o alcance

da medida", diz uma nota daquela Entidade.

Quer isto dizer que, com esta metodologia, os consumidores vão apenas ver a diferença entre o preço de referência e o preço que pagam na bomba e, por isso, perceber o que estão a pagar a mais, sendo que essa diferença inclui o lucro da empresa mas também esses custos de transporte e retalho.

Segundo a ENMC, "o objetivo assumido é

dar maior transparência à formação dos preços dos combustíveis

em Portugal de forma a tornar acessível ao público a construção

do seu preço de venda".

Isto porque "um consumidor informado é um consumidor que faz melhores escolhas, o que obrigará os fornecedores a adaptarem as suas estratégias comerciais. Assim, considera-se que é por via de um melhor esclarecimento público dos consumidores que estes serão mais exigentes nos preços e nas condições de serviço".

Aliás, é por isso mesmo que, diz a ENMC, "o preço

de referência não pretende ser um preço máximo ou recomendado,

nem o Governo pretende regular um mercado que é livre. Trata-se de

um preço indicativo que servirá de referência na comercialização

de combustíveis".

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