CIP: Manifestação foi "precedente que gostaria que não se repetisse"

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O presidente da confederação empresarial portuguesa, António Saraiva, considerou que a forma como decorreu a manifestação de polícias abre "um precedente", sublinhando que, quando é roçada a falta de respeito pelos órgãos de soberania, a democracia fica "em causa".

"Não posso deixar de reconhecer que é, de facto, um precedente quando os próprios polícias fazem aquilo que noutras circunstâncias estão ali para defender que não seja feito. Não podemos pedir aos outros aquilo que nós próprios não fazemos. Nesse sentido, é um precedente que gostaria que não se repetisse", afirmou António Saraiva.

Em declarações à Lusa e à Antena Um, após uma reunião na sede do PSD, em Lisboa, António Saraiva foi questionado sobre a invasão da escadaria da Assembleia da República, na quinta-feira, durante um protesto que juntou representantes de todas as forças de segurança.

António Saraiva reconhece que, naquele caso concreto, como de outras atividades profissionais, "há lugar à indignação", mas disse não acreditar que a resolução dos problemas do país passe por "manifestações com violência".

"É com alguma indignação, porque, de facto, não nos podemos resignar, temos que mostrar essa indignação, mas temos que o fazer de acordo com as regras democráticas, de uma forma tão correta quanto possível", sustentou.

"As tensões sociais só agudizarão os nossos problemas. Eu sou defensor de que se demonstre alguma indignação, porque ela existe, não vamos escamoteá-la, mas que o façamos com respeito das instituições, dos órgãos de soberania", afirmou.

António Saraiva disse sentir que "esse respeito, aqui e ali é posto em causa".

"Os órgãos de soberania, na democracia representativa que temos, devem ser respeitados, e, quando roçamos essa falta de respeito, é a própria democracia que está em causa", afirmou.

Milhares de polícias em protesto invadiram na quinta-feira a escadaria da Assembleia da República, numa manifestação em que estiveram representantes de todas as forças de segurança.

O diretor nacional da PSP, superintendente Paulo Valente Gomes, colocou hoje o seu lugar à disposição, na sequência dos acontecimentos de quinta-feira frente ao Parlamento, tendo essa disponibilidade sido aceite pelo ministro da Administração Interna, Miguel Macedo.

O ministro anunciou que vai iniciar o processo para designar o novo diretor nacional da PSP.

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