Cinco anos depois, Grécia reacende crise

Há precisamente cinco anos, a Grécia fazia as manchetes dos jornais em todo o mundo: Atenas anunciou um buraco escondido nas contas públicas, que atirou o défice para 12%.
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Foi o ponto de partida de uma crise sem precedentes na Europa, que atirou as taxas das dívidas soberanas para máximos históricos e obrigou a Grécia, Irlanda, Portugal e até a Espanha a pedir ajuda financeira internacional. Agora, uma sensação de déjà vu percorre a zona euro.

Pressionado pelos dados da últimas sondagens, o primeiro-ministro grego Antonis Samaras lançou, primeiro, a ideia de uma saída limpa e prematura do programa de resgate; depois, após o "não" de Bruxelas, avançou com a proposta de um programa cautelar, que reúne o apoio dos credores. Fala-se já em eleições antecipadas, onde o partido de esquerda radical Syriza está bem posicionado.

"O medo está de volta à zona euro", dizem os analistas. "Os problemas acumulam-se e os políticos não se entendem no rumo a tomar. O desemprego bate máximos em toda a UE, a inflação está em mínimos dos últimos cinco anos, a banca tarda em recuperar". Resultado: as taxas de juro da dívida pública dos países periféricos estão de novo a subir, as bolsas afundaram para novos mínimos e o Vix - conhecido como índice do medo e que mede a volatilidade nos mercados - regressou ao níveis registados na falência do Lehman Brothers, em setembro de 2008.

Paris e Roma, com o apoio do Banco Central Europeu, têm apelado a uma maior flexibilidade das metas dos défices, um alívio que permitiria avançar com medidas de estímulo ao crescimento; mas Berlim insiste na austeridade. "Todos os países -insisto: todos - devem cumprir as regras orçamentais", avisou a chanceler Angela Merkel.

Face aos receios de uma tripla recessão na zona euro - a tudo isto há que somar a crise no Médio Oriente e impacto incerto da epidemia do ébola na economia mundial -, Bruxelas teve de vir a público assegurar que fará "tudo o necessário" para ajudar a Grécia. E o BCE tomou nova medida de emergência - Mario Draghi reduziu o desconto aplicado às obrigações gregas que servem de colateral . E até a americana Fed deu a entender que uma subida dos juros poderá ser adiada para não complicar a retoma mundial. Dramatismo nos discursos e medidas desesperadas.

Espera-se que chegue para convencer os mercados.

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