A prova da presença de cocaína no tecido cerebral de dois corpos mumificados.
A prova da presença de cocaína no tecido cerebral de dois corpos mumificados.Journal of Archaeological Science (2024)

Investigação em múmias revela que cocaína terá sido consumida na Europa no século XVII

Investigadores da Universidade de Milão analisaram o tecido cerebral de dois corpos do século XVII que revelaram a presença de resíduos da droga. Havia a convicção de que o consumo desta substância na Europa se tinha iniciado dois séculos depois.
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Uma investigação publicada no Journal of Archaeological Science coloca em causa tudo aquilo que era conhecido sobre o consumo de drogas na Europa - pensava-se que tinha começado no século XIX - e levanta dúvidas sobre os produtos que eram transacionados entre o continente europeu e americano.

O estudo da Universidade de Milão revela que foram encontrados resíduos de cocaína em dois individuos mumificados, encontrados na cripta Ca'Granda naquela cidade italiana, onde está um cemitério do século XVII associado ao hospital Maggiore.

Os investigadores analisaram o tecido cerebral das múmias e encontraram componentes ativos da planta da cocaína, sendo que as análises mostram que substância foi consumida um pouco antes da morte dos indivíduos.

A presença de higrina, um composto que se encontra nas folhas da cocaína, mas não quando ela é purificada, sugere que os sujeitos da investigação tenham mascado as folhas ou usavam-nas no chá. 

Os dados históricos disponíveis até ao momento, apontavam para o facto de a cocaína ter chegado à Europa no século XIX, altura em que foram desenvolvidos métodos químicos para extraí-la, e agora esta teoria é colocada em causa, até porque não foram encontrados registos do uso medicinal desta droga no hospital.

Assim sendo, os investigadores acreditam que esta substância tenha sido utilizada de forma recreativa ou pode mesmo ter sido administrada por curandeiros.

Certo é que coloca agora uma nova questão, que se prende com o transporte transatlântico da planta, da América do Sul para a Europa, sem que ela se degradasse durante a longa viagem.

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