Foguetão da SpaceX envia dois pequenos satélites portugueses para o espaço
O foguetão Falcon 9, da companhia norte-americana SpaceX, enviou esta terça-feira para o espaço dois pequenos satélites portugueses, um da LusoSpace para monitorização do tráfego marítimo e o outro da Universidade do Minho para fins pedagógicos.
O lançamento ocorreu às 18:48 (hora de Lisboa), como previsto, a partir da base espacial de Vandenberg, na Califórnia, nos Estados Unidos.
O PoSAT-2, da LusoSpace, e o Prometheus-1, da Universidade do Minho (UMinho), são o quarto e o quinto satélites portugueses a ser enviados para o espaço, depois do microssatélite PoSAT-1, em 1993, e dos nanossatélites ISTSat-1 e Aeros MH-1, no ano passado.
O PoSAT-2, o primeiro de uma constelação de 12 microssatélites para monitorização do tráfego marítimo e totalmente construído nas instalações da LusoSpace, em Lisboa, deveria ter sido enviado para o espaço em outubro, mas o lançamento foi adiado devido a um problema num dos lançadores da SpaceX.
O satélite, que custou cerca de um milhão de euros, vai permitir receber dados sobre a localização de navios e ter um novo sistema de comunicação que possibilitará que, no meio do oceano, as embarcações possam, nomeadamente, receber alertas de mau tempo ou de possíveis ameaças de piratas e enviar mensagens de socorro. Ficará posicionado numa órbita baixa, a cerca de 500 quilómetros de altitude da Terra, acima da Estação Espacial Internacional, a "casa" e laboratório dos astronautas.
O nome é um tributo ao PoSAT-1, o primeiro satélite português enviado para o espaço.
A constelação de microssatélites deverá ficar completa este ano com o lançamento dos restantes 11 engenhos, envolvendo a participação de outras empresas do setor, e tem um custo total de cerca de 20 milhões de euros, comparticipado em 10 milhões pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) no quadro da "Agenda New Space Portugal", que "visa transformar o perfil de especialização do setor espacial português com novos produtos e serviços inovadores, exportáveis e de maior complexidade tecnológica".
Já o Prometheus-1, da Universidade do Minho, é o segundo nanossatélite a ser construído por uma instituição universitária portuguesa, depois do ISTSat-1, pelo Instituto Superior Técnico (IST). De acordo com o estabelecimento de ensino superior, este “satélite resulta de um projeto científico homónimo que foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, no âmbito do Programa CMU Portugal, e que teve a parceria da Universidade de Carnegie Mellon (EUA) e do Instituto Superior Técnico” e “deve o nome ao titã grego que roubou o fogo (conhecimento) aos deuses”.
Com cinco centímetros de lado e 250 gramas, “possui sistemas de gestão de bateria e orientação, microcontroladores e câmara similar à de um telemóvel para captar imagens”. “Este projeto ocorre aquando dos 50 anos da UMinho e contribui para afirmar a ciência e a indústria portuguesa no espaço. Foi pensado há três anos, quando a UMinho abriu a licenciatura e o mestrado em Engenharia Aeroespacial. O objetivo era usar o satélite em diferentes disciplinas como caso de estudo com os estudantes, desde a validação da plataforma ao licenciamento e à futura recolha de dados. Levar o espaço à sala de aula permite a alunos de várias áreas da Engenharia colocarem pela primeira vez as mãos neste tipo de objetos e alargarem horizontes. O projeto insere-se igualmente na estratégia de investigação e ensino neste âmbito em curso na UMinho”, indica a universidade.