Cientistas dizem ter descoberto "nova cor" nunca antes vista
Uma equipa de cientistas norte-americana alega ter descoberto uma nova cor, um tom saturado de azul-esverdeado, até agora nunca percecionado pela visão humana.
A inovadora descoberta resultou de uma experiência nos Estados Unidos, onde pulsos de laser foram utilizados para estimular seletivamente células específicas na retina, a camada sensível à luz no fundo do olho responsável pela visão a cores através de células especializadas chamadas cones.
Os participantes do estudo escreveram ter experienciado uma cor única, batizada "olo" pelos cientistas. Ren Ng, da Universidade da Califórnia e coautor do trabalho publicado na Science Advances e citado pela BBC, considerou os resultados "notáveis", com potencial para avançar a investigação sobre o daltonismo.
A perceção das cores ocorre quando a luz estimula três tipos de cones na retina – sensíveis ao azul (S), verde (M) e vermelho (L) – e o cérebro interpreta a combinação desses sinais.
Conforme detalha a BBC News, Ren Ng, um dos cinco participantes, descreveu o olo como "mais saturado do que qualquer cor que se possa ver no mundo real". A experiência envolveu o uso de um dispositivo ótico a laser, batizado Oz, para estimular unicamente os cones M, sensíveis ao verde.
Segundo descreve a BBC, na visão normal, a estimulação de um cone M geralmente ativa também os cones L e/ou S vizinhos, devido à sobreposição das suas sensibilidades a diferentes comprimentos de onda de luz. Desta forma, no laboratório, foi possível estimular isoladamente os cones M e induzir a perceção de uma cor nunca antes experimentada na visão natural.
Para verificar a perceção da nova cor, os participantes ajustaram um dispositivo eletrónico, ajustando a intensidade até corresponder ao olo que viam, reporta a BBC.
Mas esta descoberta não está livre de controvérsia. O seviço público de informação britânico cita o especialista em ótica John Barbur, que considera a interpretação do resultado da experiência como uma "nova cor" algo "aberto a debate". Para ele, trata-se mais de uma variação da perceção de cores existentes resultante da estimulação incomum dos cones M sem a influência dos cones S ou L.
O próprio Ren Ng, citado pela BBC, reconhece a dificuldade técnica em visualizar o olo, mas aponta para o potencial da descoberta no auxílio a pessoas com daltonismo, cuja dificuldade em distinguir cores resulta frequentemente de anomalias no funcionamento de um ou mais tipos de cones da retina.