Os poluentes emergentes em diferentes contextos oceânicos, nos mares e nos rios e seus afluentes, motivam a comunidade científica a encontrar soluções inovadoras como forma de prevenir e mitigar o problema. Dois projetos com assinatura lusa visam as respostas para uma questão com efeitos nefastos na saúde humana e no equilíbrio dos ecossistemas. Se no projeto internacional One-Blue, o objetivo se centra no recurso à IA e a sua aplicação nas águas oceânicas e do mar Mediterrâneo, já o projeto português NABIA atenta na descontaminação das águas residuais com recurso a microalgas..IA “mergulha” nos oceanos para identificar contaminantes.Os contaminantes de interesse emergente (CIE) incluem, entre outros, produtos de cuidado pessoal, fármacos, pesticidas e cianotoxinas produzidas por cianobactérias tóxicas. “Mais de 100 mil produtos químicos estão registados na União Europeia (UE), e entre 30.000 a 70.000 mil são usados diariamente, grande parte deles tendo como fim o oceano. A maioria destes produtos são contaminantes de interesse emergente. Há a necessidade urgente de avaliar os seus níveis e impactos nos oceanos, combinados com as alterações climáticas”, alerta o projeto internacional One-Blue. Este, nasceu integrado no programa de investigação e inovação Horizonte Europa, financiado pela União Europeia, atento às ameaças que pesam sobre os ecossistemas marinhos, o que inclui as alterações climáticas. Entre os objetivos do projeto que reúne 100 investigadores proveniente de 11 países europeus e de 20 grupos de investigação, está o aprofundar da compreensão global sobre as questões atrás elencadas e o aumento dos esforços de mitigação das mesmas. Os estudos incidem sobre regiões dos oceanos Atlântico e Ártico e mar Mediterrâneo. O projeto está a examinar as interações atrás referidas em mesocosmos marinhos (no caso vertente, “tubos de ensaio” de grandes dimensões, alguns com mais de 20 metros de altura)..O One-Blue recorre a tecnologia de ponta e inteligência artificial (IA) para detetar riscos para organismos marinhos no meio natural onde habitam. Entre os métodos de investigação envolvidos neste projeto, estão aqueles apoiados em sensores óticos e algoritmos de IA para detetar de forma automática, e não invasiva, se determinada amostra de água representa um risco para os organismos marinhos. Um banco de dados abrangente denominado CECsMarineDB armazenará e gerenciará os dados do projeto, auxiliando na exploração e análise. Até 2027, as pesquisas vão estar centradas no desenvolvimento de novas metodologias para avaliação da toxicidade dos contaminantes presentes nas águas europeias..Portugal é um dos países que participa de forma ativa neste projeto que, no caso nacional, é liderado pelo MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente. De acordo com Bernardo Duarte, investigador do MARE e especialista em sistemas costeiros e oceano, em declarações ao site daquela instituição "este projeto representa uma oportunidade única para avaliar os impactos que ameaças graves como as alterações globais e a poluição representam para a saúde dos oceanos". Nas palavras do investigador, "com este projeto, procuramos fornecer soluções inovadoras que apoiem a aplicação de políticas relevantes da UE, como é o caso da estratégia 'Zero Pollution'. A recolha e a análise dos dados, e a divulgação dos resultados deste projeto permite-nos estabelecer um plano de exploração para as tecnologias desenvolvidas, assegurar uma implementação eficaz e contribuir para uma gestão marinha sustentável"..As novas tecnologias envolvidas no projeto One-Blue “permitirão a deteção autónoma remota de antibióticos, o desenvolvimento de um sistema ultrassónico para a concentração de microplásticos na água do mar e a criação de um sistema de alerta precoce como apoio à decisão”, destaca a equipa do MARE em comunicado..Alemanha, Bélgica, Chipre, Croácia, Espanha, Grécia, Irlanda, Itália, Países Baixos, Portugal e Suécia integram o projeto One-Blue..Biomassa resultante do tratamento de águas residuais pode originar produtos inovadores.A necessidade de encontrar uma solução para o tratamento dos poluentes emergentes, encontrou no projeto português NABIA (Nova Abordagem de Biorremediação através de Algas), uma abordagem para a descontaminação das águas residuais usando microalgas. Um projeto que, de acordo com os seus promotores, “visa, entre outros objetivos, reduzir a exposição humana aos contaminantes presentes na água para consumo e a diminuição das condições médicas associadas”..O projeto NABIA, encabeçado pelos investigadores do Centro de Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), Telma Encarnação e Abílio Sobral, prevê que da biomassa gerada pelo tratamento de águas residuais, é possível extrair lípidos, biopolímeros, pigmentos, entre outros compostos. Os especialistas testam presentemente a viabilidade de transformar esta biomassa em produtos inovadores, tais como lentes oftálmicas “verdes”..Num primeiro momento, a referida equipa de investigadores identificou os químicos ambientais persistentes em fontes de águas residuais e avaliou a eficácia e eficiência da utilização de microalgas na biorremediação de produtos químicos sintéticos. Sublinhe-se que a biorremediação é o processo através do qual organismos vivos, tais como microrganismos, fungos, plantas ou algas verdes são utilizados para reduzir ou remover - remediar - contaminações no ambiente..“Este projeto aborda a necessidade de encontrar uma potencial solução para o problema da poluição da água por poluentes emergentes e propõe a descontaminação de águas residuais com recurso a microalgas, com uma abordagem baseada na geração de biomassa e na sua respetiva valorização económica”, adianta Telma Encarnação, citada no site da Universidade de Coimbra..Ainda de acordo com a química, a investigação “focou-se na biorremediação de águas residuais geradas pela transformação de lentes oftálmicas na indústria ótica, usando como casos de estudo empresas parceiras. Uma vez que estes materiais estão na sua maioria protegidos por patentes e segredo industrial, analisámos a sua composição”..Ainda nos objetivos do projeto NABIA está a promoção da consciencialização sobre a conservação e o uso sustentável dos ecossistemas e a promoção de futuras políticas de tratamento de águas residuais..O projeto conta com o apoio das empresas parceiras Farmi, Mlab, Moldetipo, Opticentro e PTScience..LIVROS.Sob mares frágeis.Pedro Camanho, investigador do Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI) e professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) dedica-se há cerca de três décadas à fotografia subaquática. Da paixão pelo mar nasceu recentemente o livro Sob mares frágeis (edição Arte e Ciência), com uma compilação de imagens da sua autoria..Às fotos presentes na obra, o autor junta uma reflexão sobre a degradação dos oceanos onde já mergulhou..“Há múltiplos fatores que têm vindo a contribuir para a degradação dos oceanos. O aumento da temperatura da água do mar, a destruição de habitats, a poluição, a introdução de espécies invasoras e a pesca excessiva são alguns dos que tenho percecionado”, afirma Pedro Camanho..O prefácio da obra coube a Onésimo Teotónio Almeida, filósofo e professor na Universidade de Brown (EUA). O posfácio é assinado por Pedro Rodrigues, professor e Vice-Reitor da Universidade do Porto..O livro tem o preço de capa de 22€..Água em Portugal.A conta-gotas, gota-a-gota, a última gota, a que faz transbordar ou a que escasseia. Apesar de a água ser o líquido mais comum à superfície da Terra, todas as gotas contam, desde sempre, em todas as sociedades. Nas últimas décadas, as transformações económicas e as alterações climáticas agravaram a escassez de água, sobretudo nas regiões mediterrânicas. Água em Portugal, ensaio escrito por Rodrigo Proença de Oliveira, professor e investigador no Instituto Superior Técnico, analisa a gestão dos recursos hídricos em Portugal Continental. “Apesar de a disponibilidade per capita ser confortável, a irregularidade temporal e a assimetria espacial provocam situações de escassez. É urgente identificar as políticas públicas mais adequadas, porque a discussão sobre a gestão da água determina o modelo económico que pretendemos para Portugal”, são notas que retiramos deste título publicado com a chancela da Fundação Francisco Manuel dos Santos..O livro tem o preço de capa de 5€.
Os poluentes emergentes em diferentes contextos oceânicos, nos mares e nos rios e seus afluentes, motivam a comunidade científica a encontrar soluções inovadoras como forma de prevenir e mitigar o problema. Dois projetos com assinatura lusa visam as respostas para uma questão com efeitos nefastos na saúde humana e no equilíbrio dos ecossistemas. Se no projeto internacional One-Blue, o objetivo se centra no recurso à IA e a sua aplicação nas águas oceânicas e do mar Mediterrâneo, já o projeto português NABIA atenta na descontaminação das águas residuais com recurso a microalgas..IA “mergulha” nos oceanos para identificar contaminantes.Os contaminantes de interesse emergente (CIE) incluem, entre outros, produtos de cuidado pessoal, fármacos, pesticidas e cianotoxinas produzidas por cianobactérias tóxicas. “Mais de 100 mil produtos químicos estão registados na União Europeia (UE), e entre 30.000 a 70.000 mil são usados diariamente, grande parte deles tendo como fim o oceano. A maioria destes produtos são contaminantes de interesse emergente. Há a necessidade urgente de avaliar os seus níveis e impactos nos oceanos, combinados com as alterações climáticas”, alerta o projeto internacional One-Blue. Este, nasceu integrado no programa de investigação e inovação Horizonte Europa, financiado pela União Europeia, atento às ameaças que pesam sobre os ecossistemas marinhos, o que inclui as alterações climáticas. Entre os objetivos do projeto que reúne 100 investigadores proveniente de 11 países europeus e de 20 grupos de investigação, está o aprofundar da compreensão global sobre as questões atrás elencadas e o aumento dos esforços de mitigação das mesmas. Os estudos incidem sobre regiões dos oceanos Atlântico e Ártico e mar Mediterrâneo. O projeto está a examinar as interações atrás referidas em mesocosmos marinhos (no caso vertente, “tubos de ensaio” de grandes dimensões, alguns com mais de 20 metros de altura)..O One-Blue recorre a tecnologia de ponta e inteligência artificial (IA) para detetar riscos para organismos marinhos no meio natural onde habitam. Entre os métodos de investigação envolvidos neste projeto, estão aqueles apoiados em sensores óticos e algoritmos de IA para detetar de forma automática, e não invasiva, se determinada amostra de água representa um risco para os organismos marinhos. Um banco de dados abrangente denominado CECsMarineDB armazenará e gerenciará os dados do projeto, auxiliando na exploração e análise. Até 2027, as pesquisas vão estar centradas no desenvolvimento de novas metodologias para avaliação da toxicidade dos contaminantes presentes nas águas europeias..Portugal é um dos países que participa de forma ativa neste projeto que, no caso nacional, é liderado pelo MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente. De acordo com Bernardo Duarte, investigador do MARE e especialista em sistemas costeiros e oceano, em declarações ao site daquela instituição "este projeto representa uma oportunidade única para avaliar os impactos que ameaças graves como as alterações globais e a poluição representam para a saúde dos oceanos". Nas palavras do investigador, "com este projeto, procuramos fornecer soluções inovadoras que apoiem a aplicação de políticas relevantes da UE, como é o caso da estratégia 'Zero Pollution'. A recolha e a análise dos dados, e a divulgação dos resultados deste projeto permite-nos estabelecer um plano de exploração para as tecnologias desenvolvidas, assegurar uma implementação eficaz e contribuir para uma gestão marinha sustentável"..As novas tecnologias envolvidas no projeto One-Blue “permitirão a deteção autónoma remota de antibióticos, o desenvolvimento de um sistema ultrassónico para a concentração de microplásticos na água do mar e a criação de um sistema de alerta precoce como apoio à decisão”, destaca a equipa do MARE em comunicado..Alemanha, Bélgica, Chipre, Croácia, Espanha, Grécia, Irlanda, Itália, Países Baixos, Portugal e Suécia integram o projeto One-Blue..Biomassa resultante do tratamento de águas residuais pode originar produtos inovadores.A necessidade de encontrar uma solução para o tratamento dos poluentes emergentes, encontrou no projeto português NABIA (Nova Abordagem de Biorremediação através de Algas), uma abordagem para a descontaminação das águas residuais usando microalgas. Um projeto que, de acordo com os seus promotores, “visa, entre outros objetivos, reduzir a exposição humana aos contaminantes presentes na água para consumo e a diminuição das condições médicas associadas”..O projeto NABIA, encabeçado pelos investigadores do Centro de Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), Telma Encarnação e Abílio Sobral, prevê que da biomassa gerada pelo tratamento de águas residuais, é possível extrair lípidos, biopolímeros, pigmentos, entre outros compostos. Os especialistas testam presentemente a viabilidade de transformar esta biomassa em produtos inovadores, tais como lentes oftálmicas “verdes”..Num primeiro momento, a referida equipa de investigadores identificou os químicos ambientais persistentes em fontes de águas residuais e avaliou a eficácia e eficiência da utilização de microalgas na biorremediação de produtos químicos sintéticos. Sublinhe-se que a biorremediação é o processo através do qual organismos vivos, tais como microrganismos, fungos, plantas ou algas verdes são utilizados para reduzir ou remover - remediar - contaminações no ambiente..“Este projeto aborda a necessidade de encontrar uma potencial solução para o problema da poluição da água por poluentes emergentes e propõe a descontaminação de águas residuais com recurso a microalgas, com uma abordagem baseada na geração de biomassa e na sua respetiva valorização económica”, adianta Telma Encarnação, citada no site da Universidade de Coimbra..Ainda de acordo com a química, a investigação “focou-se na biorremediação de águas residuais geradas pela transformação de lentes oftálmicas na indústria ótica, usando como casos de estudo empresas parceiras. Uma vez que estes materiais estão na sua maioria protegidos por patentes e segredo industrial, analisámos a sua composição”..Ainda nos objetivos do projeto NABIA está a promoção da consciencialização sobre a conservação e o uso sustentável dos ecossistemas e a promoção de futuras políticas de tratamento de águas residuais..O projeto conta com o apoio das empresas parceiras Farmi, Mlab, Moldetipo, Opticentro e PTScience..LIVROS.Sob mares frágeis.Pedro Camanho, investigador do Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI) e professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) dedica-se há cerca de três décadas à fotografia subaquática. Da paixão pelo mar nasceu recentemente o livro Sob mares frágeis (edição Arte e Ciência), com uma compilação de imagens da sua autoria..Às fotos presentes na obra, o autor junta uma reflexão sobre a degradação dos oceanos onde já mergulhou..“Há múltiplos fatores que têm vindo a contribuir para a degradação dos oceanos. O aumento da temperatura da água do mar, a destruição de habitats, a poluição, a introdução de espécies invasoras e a pesca excessiva são alguns dos que tenho percecionado”, afirma Pedro Camanho..O prefácio da obra coube a Onésimo Teotónio Almeida, filósofo e professor na Universidade de Brown (EUA). O posfácio é assinado por Pedro Rodrigues, professor e Vice-Reitor da Universidade do Porto..O livro tem o preço de capa de 22€..Água em Portugal.A conta-gotas, gota-a-gota, a última gota, a que faz transbordar ou a que escasseia. Apesar de a água ser o líquido mais comum à superfície da Terra, todas as gotas contam, desde sempre, em todas as sociedades. Nas últimas décadas, as transformações económicas e as alterações climáticas agravaram a escassez de água, sobretudo nas regiões mediterrânicas. Água em Portugal, ensaio escrito por Rodrigo Proença de Oliveira, professor e investigador no Instituto Superior Técnico, analisa a gestão dos recursos hídricos em Portugal Continental. “Apesar de a disponibilidade per capita ser confortável, a irregularidade temporal e a assimetria espacial provocam situações de escassez. É urgente identificar as políticas públicas mais adequadas, porque a discussão sobre a gestão da água determina o modelo económico que pretendemos para Portugal”, são notas que retiramos deste título publicado com a chancela da Fundação Francisco Manuel dos Santos..O livro tem o preço de capa de 5€.