A chamada telefónica agitou de curiosidade a jovem naturalista sul-africana Marjorie Courtenay-Latimer. Do outro lado da linha soava a voz do capitão Hendrik Goosen, a partir das margens do rio Chalumna. Nas redes de pesca agitava-se um peixe de escamas iridescentes, mais de um metro de comprimento e com perto de 50 Kg. Marjorie, então com 24 anos, laborava desde 1931 no modesto Museu de East London, no sueste da África do Sul, onde ingressara fruto da grande paixão que, desde a infância, dedicava ao mundo natural, em particular às aves. Goosen, capitão numa embarcação de pesca de arrasto, tinha indicações de Marjorie para soar o alerta sempre que capturada uma espécie marinha incomum. A 22 de dezembro de 1938, nas margens do rio Chalumna, Marjorie teve o seu primeiro encontro com uma criatura saída de um compêndio de paleontologia. Sobre a mesma escreveria, mais tarde, a naturalista na carta que remeteu ao ictiólogo sul-africano James Smith: "afastei o lodo para revelar o peixe mais belo que já vi. De um azul-malva pálido, com leves tons esbranquiçados. Nele há um brilho iridescente de prata, azul-esverdeado. O espécime cobre-se de escamas duras, apresenta quatro barbatanas semelhantes a membros e uma barbatana caudal semelhante à de um cão".