Retiro de campo dos presidentes norte-americanos, Camp David, no estado do Maryland, remonta as suas origens à década de 1930. Então conhecido como Hi-Catoctin, o local seria rebatizado na década de 1940 pelo presidente Franklin D. Roosevelt. A base que servira para acolhimento de agentes federais e respetivas famílias, passava a nomear-se Shangri-La. Roosevelt homenageava a obra do escritor inglês James Hilton que, em 1933 juntava ao panteão da literatura fantástica o livro Horizonte Perdido..O escritor e argumentista que viveria grande parte da sua vida no estado da Califórnia, situava o enredo deste seu título em Shangri-La, paraíso perdido nos Himalaias, casa de monges e fonte de elixires da juventude. A utopia de Hilton não conquistara apenas as afeições de Roosevelt. Em 1937, o realizador Frank Capra, italiano naturalizado norte-americano, adaptou o romance ao cinema. Shangri-La subsistiria poucos anos como nome para a residência campestre dos presidentes norte-americanos. Em 1953, Dwight Eisenhower, 34.º presidente dos EUA, rebatizou o lugar. Denominou-o Camp David em homenagem ao seu pai e neto, ambos David..Com Shangri-La, James Hilton enleava os leitores nos picos da mais imponente cordilheira terrestre, os Himalaias, dorsal rochoso que abarca cinco países asiáticos, culminando no pico do monte Evereste, a 8848 metros de altitude. Colosso ainda jovem, tal como a cordilheira onde se situa, quando percebido numa escala de tempo geológica. Não mais de 40 a 50 milhões de anos de crescimento contínuo, cerca de 4 mm por ano, em luta permanente com os elementos erosivos..Hoje, sabemos que forças sustentam este crescimento, assim como as que contribuem para o colapso das montanhas. Por séculos, as placas tectónicas não foram, sequer, uma suposição. Isto não obstante protagonizarem na litosfera terrestre (camada sólida mais externa constituída por rochas e solo) como obreiras dos relevos, sustentação de continentes e oceanos, da sua aproximação e afastamento, criadoras de vulcões e geradoras de terramotos..Forças capazes de erguer do oceano e do continente asiático a matéria-prima que constrói a cordilheira dos Himalaias, fruto da colisão entre as massas de terra do subcontinente indiano e Eurásia..Coube ao alemão Alfred Wegener, explorador das regiões polares e meteorologista, lançar as bases para a discussão que, décadas mais tarde, já nos anos de 1960, formularia a primeira teoria sustentada sobre a tectónica de placas..Em Berlim, Wegener ao consultar na biblioteca da capital alemã um artigo científico que registava fósseis de animais e plantas, percebeu aí semelhanças entre exemplares, embora coletados em pontos opostos do oceano Atlântico. Avaliando o planisfério terrestre, o cientista alemão via nos contornos dos continentes africano e sul-americano duas peças de um puzzle que o passado desencaixara. E como responder à origem de fósseis de plantas tropicais em regiões árticas ou de vestígios de antigos glaciares em territórios próximos da linha do equador? Em 1913, Alfred Wegener lançou a sua hipótese da deriva continental nas páginas do livro A Origem dos Continentes e Oceanos e sugeriu a existência de Pangeia (em grego "Terra Única"), sustentando que os continentes estiveram unidos numa única massa de terra há 300 milhões de anos. Tal como imensos icebergues, os continentes flutuariam continuamente, sustentava o cientista germânico..Tido como meteorologista e explorador, Wegener e a sua hipótese - de resto pouco sustentada - receberam parco apoio da comunidade de geólogos. Até que, em 1944, Arthur Holmes, geólogo inglês, sugeriu uma nova teoria: o aquecimento radioativo poderia produzir correntes de convecção no interior do planeta Terra. Forças com poder suficiente para mover os continentes à superfície. Nos anos seguintes, nomes como os geólogos britânico Drummond Hoyle Matthews e norte-americano Harry Hammond Hess contribuíram para a formulação de uma teoria que, nos anos de 1960, encontrou reconhecimento internacional..Em 1967, Dan McKenzie, professor de Geofísica da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, publicava na revista Nature um dos artigos que fundamentam a moderna geologia. A crosta terrestre é composta por poucas placas rígidas que se movem independentemente, ora convergindo ora divergindo. Trabalho que conduziu a uma nova compreensão sobre os processos de crescimento de cordilheiras como os Himalaias e os Andes, respetivamente casas para o Evereste e o Aconcágua, este, na América do Sul, a mais alta montanha fora da Ásia..Gigantes com limites físicos de crescimento impostos pelas condições existentes no planeta Terra. Quando duas placas colidem, o impacto força o material nas suas bordas a mover-se. A tensão ascendente mantém-se, empurrando o desenvolvimento em altura da montanha que, contudo, esbarra na pressão exercida pela gravidade. Chegado a um determinado ponto de crescimento, a montanha sucumbe à sua própria massa, iniciando um processo de abatimento..A mais de 57 milhões de quilómetros do planeta azul, em Marte, impera o monte Olimpo. Frente ao vulcão marciano, o monte Evereste é montanha de dimensão liliputiana. Com perto de 22 km de altitude, Olimpo não encontra entraves ao crescimento na gravidade que, no planeta vermelho, corresponde a um terço face à da Terra. Este é o segundo maior vulcão do sistema solar. A sua base de 625 km2 de diâmetro perde para os 650 km2 do maciço de Tamu, vulcão sob as águas do oceano Pacífico, próximo do Japão.
Retiro de campo dos presidentes norte-americanos, Camp David, no estado do Maryland, remonta as suas origens à década de 1930. Então conhecido como Hi-Catoctin, o local seria rebatizado na década de 1940 pelo presidente Franklin D. Roosevelt. A base que servira para acolhimento de agentes federais e respetivas famílias, passava a nomear-se Shangri-La. Roosevelt homenageava a obra do escritor inglês James Hilton que, em 1933 juntava ao panteão da literatura fantástica o livro Horizonte Perdido..O escritor e argumentista que viveria grande parte da sua vida no estado da Califórnia, situava o enredo deste seu título em Shangri-La, paraíso perdido nos Himalaias, casa de monges e fonte de elixires da juventude. A utopia de Hilton não conquistara apenas as afeições de Roosevelt. Em 1937, o realizador Frank Capra, italiano naturalizado norte-americano, adaptou o romance ao cinema. Shangri-La subsistiria poucos anos como nome para a residência campestre dos presidentes norte-americanos. Em 1953, Dwight Eisenhower, 34.º presidente dos EUA, rebatizou o lugar. Denominou-o Camp David em homenagem ao seu pai e neto, ambos David..Com Shangri-La, James Hilton enleava os leitores nos picos da mais imponente cordilheira terrestre, os Himalaias, dorsal rochoso que abarca cinco países asiáticos, culminando no pico do monte Evereste, a 8848 metros de altitude. Colosso ainda jovem, tal como a cordilheira onde se situa, quando percebido numa escala de tempo geológica. Não mais de 40 a 50 milhões de anos de crescimento contínuo, cerca de 4 mm por ano, em luta permanente com os elementos erosivos..Hoje, sabemos que forças sustentam este crescimento, assim como as que contribuem para o colapso das montanhas. Por séculos, as placas tectónicas não foram, sequer, uma suposição. Isto não obstante protagonizarem na litosfera terrestre (camada sólida mais externa constituída por rochas e solo) como obreiras dos relevos, sustentação de continentes e oceanos, da sua aproximação e afastamento, criadoras de vulcões e geradoras de terramotos..Forças capazes de erguer do oceano e do continente asiático a matéria-prima que constrói a cordilheira dos Himalaias, fruto da colisão entre as massas de terra do subcontinente indiano e Eurásia..Coube ao alemão Alfred Wegener, explorador das regiões polares e meteorologista, lançar as bases para a discussão que, décadas mais tarde, já nos anos de 1960, formularia a primeira teoria sustentada sobre a tectónica de placas..Em Berlim, Wegener ao consultar na biblioteca da capital alemã um artigo científico que registava fósseis de animais e plantas, percebeu aí semelhanças entre exemplares, embora coletados em pontos opostos do oceano Atlântico. Avaliando o planisfério terrestre, o cientista alemão via nos contornos dos continentes africano e sul-americano duas peças de um puzzle que o passado desencaixara. E como responder à origem de fósseis de plantas tropicais em regiões árticas ou de vestígios de antigos glaciares em territórios próximos da linha do equador? Em 1913, Alfred Wegener lançou a sua hipótese da deriva continental nas páginas do livro A Origem dos Continentes e Oceanos e sugeriu a existência de Pangeia (em grego "Terra Única"), sustentando que os continentes estiveram unidos numa única massa de terra há 300 milhões de anos. Tal como imensos icebergues, os continentes flutuariam continuamente, sustentava o cientista germânico..Tido como meteorologista e explorador, Wegener e a sua hipótese - de resto pouco sustentada - receberam parco apoio da comunidade de geólogos. Até que, em 1944, Arthur Holmes, geólogo inglês, sugeriu uma nova teoria: o aquecimento radioativo poderia produzir correntes de convecção no interior do planeta Terra. Forças com poder suficiente para mover os continentes à superfície. Nos anos seguintes, nomes como os geólogos britânico Drummond Hoyle Matthews e norte-americano Harry Hammond Hess contribuíram para a formulação de uma teoria que, nos anos de 1960, encontrou reconhecimento internacional..Em 1967, Dan McKenzie, professor de Geofísica da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, publicava na revista Nature um dos artigos que fundamentam a moderna geologia. A crosta terrestre é composta por poucas placas rígidas que se movem independentemente, ora convergindo ora divergindo. Trabalho que conduziu a uma nova compreensão sobre os processos de crescimento de cordilheiras como os Himalaias e os Andes, respetivamente casas para o Evereste e o Aconcágua, este, na América do Sul, a mais alta montanha fora da Ásia..Gigantes com limites físicos de crescimento impostos pelas condições existentes no planeta Terra. Quando duas placas colidem, o impacto força o material nas suas bordas a mover-se. A tensão ascendente mantém-se, empurrando o desenvolvimento em altura da montanha que, contudo, esbarra na pressão exercida pela gravidade. Chegado a um determinado ponto de crescimento, a montanha sucumbe à sua própria massa, iniciando um processo de abatimento..A mais de 57 milhões de quilómetros do planeta azul, em Marte, impera o monte Olimpo. Frente ao vulcão marciano, o monte Evereste é montanha de dimensão liliputiana. Com perto de 22 km de altitude, Olimpo não encontra entraves ao crescimento na gravidade que, no planeta vermelho, corresponde a um terço face à da Terra. Este é o segundo maior vulcão do sistema solar. A sua base de 625 km2 de diâmetro perde para os 650 km2 do maciço de Tamu, vulcão sob as águas do oceano Pacífico, próximo do Japão.