Alguns utilizadores têm conseguido "enganar" o modelo do ChatGPT e levá-lo a oferecer explicações incorretas. Como podemos encarar esta possibilidade de manipulação? A desinformação é um grande problema. E quanto melhor se torna a tecnologia, maior se torna o problema da desinformação. Porque é possível introduzir suposições erradas na resposta se os dados de base estiverem errados. É possível que a máquina induza as pessoas em erro de forma não propositada, apenas devido aos dados prevalecentes que levam a um equívoco. Há um velho ditado dos esquimós que diz que o conhecimento sem sabedoria é como água na areia. Isso é muito verdade no que toca à IA, que tem conhecimento, mas não possui sabedoria..E qual o resultado disso? A tecnologia não é inútil, é na verdade muito útil. Mas não é A verdade, um conceito que já de si é difícil, até para os humanos. Se falarmos com alguém que tem muito conhecimento, um polímata, obtemos uma resposta complicada e provavelmente um ponto de vista mais verdadeiro. Penso que o maior problema do GPT-3 e outros modelos de IA é que pensamos que, só porque são máquinas complicadas e caras, isso as torna superiores. O problema não é usá-las, é pensarmos que elas sabem tudo, quando na verdade apenas sabem uma pequena fatia, 5% da realidade..Como é que a máquina pode interpretar a qualidade das fontes? Por exemplo, se Elon Musk partilha falsidades no seu Twitter, mas a máquina considera que ele é uma fonte fiável, isso pode enviesar os resultados? Há certos aspetos sobre a realidade que são facilmente determinados. Por exemplo, no controlo de tráfego aéreo, se um avião se desloca nesta direção e outro na mesma, há potencial de interceção. Isso é um facto. Mas algo sobre o que o Elon Musk está a fazer no Twitter e, se mente, não é um facto, é uma opinião. A IA não lhe vai dar uma opinião, ou irá apenas dizer aquilo que os dados apontam como mais importante. Nesse caso, é muito difícil para uma máquina dar uma resposta..Qual será o melhor uso a dar a esta tecnologia? Penso que será fantástica para a investigação. Posso dizer-lhe que quero saber a diferença entre isto e aquilo e pedir que me explique em dois parágrafos. É como um motor de busca cada vez mais rápido e, eventualmente, não vamos perguntar através da escrita, vamos falar. A interação por voz é algo que já está a acontecer e, uma vez que o sistema saberá como falamos, poderá induzir o quão ansiosos estamos em relação à pergunta e oferecer melhores resultados.