Doença autoimune, inflamatória e sistémica, o lúpus pode afetar vários órgãos e comprometer a qualidade de vida. Diagnóstico precoce, terapêuticas eficazes e acompanhamento contínuo fazem a diferença.O lúpus é uma doença crónica e autoimune que pode afetar quase qualquer parte do corpo — articulações, pele, rins, pulmões ou coração. O nome vem do latim lupus, lobo, pelas lesões faciais que faziam lembrar uma mordida. Hoje sabe-se que se trata de uma doença sistémica, complexa e com grande impacto na vida do doente.Graça Sequeira, diretora do Serviço de Reumatologia da Unidade Local de Saúde do Algarve, explica que o lúpus resulta de um desequilíbrio do sistema imunitário, em que o organismo passa a atacar as suas próprias células. Entre os sintomas mais frequentes estão dor e inchaço nas articulações, eritemas cutâneos e fadiga persistente.É uma doença mais comum em mulheres em idade fértil, e o seu controlo exige diagnóstico atempado e terapêutica ajustada. “Deve-se procurar obter rapidamente um bom controlo da atividade da doença e, se possível, a remissão, que é o verdadeiro objetivo — mais do que a cura”, sublinha a especialista.Doença autoimune e crónica, o lúpus exige diagnóstico precoce, acompanhamento contínuo e controlo rigoroso para preservar a qualidade de vida.Terapêuticas mais seguras, vidas mais tranquilasTradicionalmente, os corticoides têm sido a principal linha de tratamento, sobretudo nas fases iniciais ou em situações de maior gravidade. Mas os seus efeitos adversos são conhecidos: aumento de peso, tensão arterial elevada e risco de outras complicações.Nos últimos anos, o aparecimento de fármacos biológicos abriu novas possibilidades. “Vieram permitir atingir a remissão de forma mais rápida e com menos efeitos secundários, evitando danos em órgãos e melhorando o prognóstico”, afirma a médica.Embora não haja cura definitiva, o lúpus pode ser controlado com acompanhamento especializado e medicação adequada. O objetivo é estabilizar a doença e prevenir agudizações, garantindo uma boa qualidade de vida ao doente, preservando a autonomia e a atividade profissional.O Dia Mundial do Lúpus, assinalado a 10 de maio, visa alertar para a realidade da doença e reforçar a necessidade de investir mais na investigação, na resposta clínica e na informação ao público.