Dia Mundial da Asma: controlar a doença

Dia Mundial da Asma: controlar a doença

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A asma grave é uma doença com um grande impacto nas vidas de doentes e familiares. No entanto, no Dia Mundial da Asma, os presidentes da Associação Asma Grave e da Sociedade Portuguesa de Pneumologia dão-nos o testemunho da realidade desta doença e de terapêuticas que trazem esperança, mas tardam em chegar.

Cerca de 10% dos asmáticos vive com asma grave. Em Portugal devem ser 70.000 doentes. Esta é uma apenas estimativa uma vez que não há números concretos, como começa por explicar Ana Gonçalves, presidente da Associação de Asma Grave. Esta incerteza dificulta conhecer o "estado da arte". O diagnóstico é frequentemente um resultado de uma exclusão de outras doenças, podendo demorar. "A pessoa, sem ser diagnosticada, dificilmente consegue melhorar a sua qualidade de vida. Só com um diagnóstico preciso e certo é que depois se consegue começar a controlar a doença e a começar a diminuir os sintomas e as crises", refere Ana Gonçalves.

Impacto no dia a dia

Subir escadas, fazer exercício ou um simples sair à rua num dia mais frio ou com poeiras, torna-se um verdadeiro desafio para os doentes. "É uma condição que tem determinado impacto que só quem vive com isso, só quem vive com uma pessoa que tem asma grave é que consegue avaliar", conta Ana Gonçalves. Não muito diferente é a opinião de Jorge Ferreira, presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia: "um doente com asma grave apresenta sintomas que podem ser permanentes, mas que se manifestam com episódios muito frequentes e com crises muito frequentes", adianta o pneumologista.

Novos tratamentos biológicos

Os avanços da ciência têm vindo a dar esperança aos doentes, deste que bem feito o diagnóstico. As terapêuticas personalizadas, desenhadas à medida das necessidades de cada um, são já uma realidade, afirma o Jorge Ferreira: "a população de doentes asmásticos apresenta características individuais. Os novos tratamentos biológicos permitem direcionar o tratamento para estes subgrupos específicos e vão inibir os aspetos personalizados, próprios daquele doente, que estão a desenvolver a doença. Desta forma consegue-se bloquear de uma forma eletiva a inflamação asmática de acordo com as características de cada paciente", refere o pneumologista.

Dificuldades no acesso

No entanto, o problema é o acesso aos novos medicamentos, atalha Ana Gonçalves, que adianta que, "para já, ainda é um acesso [aos tratamentos biológicos] que tem tido alguns obstáculos. Para se chegar à prescrição do  medicamento biológico, às vezes passa muito tempo. É uma coisa que demora muito tempo. Mas mesmo quando o médico prescreve, há depois a dificuldade do tempo, da de espera de aprovação pelas Comissões de Farmácia. Os critérios de decisão das Comissões de Farmácia, que também não são iguais, e portanto ainda há uma certa demora", queixa-se a presidente da Associação de Asma Grave.

Esperança da remissão

Ainda assim, já existem doentes que conseguem reverter os sintomas da doença: "é possível alcançar aquilo a que se chama remissão clínica, ou seja, fazer com que um doente deixe de manifestar sintomas da doença, com um tratamento, ou remissão clínica completa, em que conseguimos fazer desaparecer completamente as manifestações da doença, e mesmo sem necessidade de qualquer terapêutica continuada", conclui Jorge Ferreira.

Infelizmente, nem todos os doentes conseguem estes resultados. Por isso, neste Dia Mundial da Asma, a mensagem é clara: a asma, sobretudo a asma grave, deve estar sempre controlada.

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