A Pastelaria Suíça, localizada na baixa de Lisboa, desistiu da classificação de "Loja com História" e vai encerrar "num futuro próximo", anunciou o vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Duarte Cordeiro..Fundado em 1922, o estabelecimento localizado na Praça D.Pedro IV (no Rossio) candidatou-se ao programa municipal "Lojas com História", mas acabou por desistir de receber tal classificação por ter iniciado negociações com o novo senhorio - um fundo internacional que adquiriu o quarteirão - "no sentido de chegar a acordo para cessar atividade", disse o vereador..Numa carta enviada à Câmara de Lisboa há duas semanas (a 15 de junho), e à qual a agência Lusa teve acesso, o proprietário revela que se afigura necessário, "num futuro próximo, o encerramento da Pastelaria Suíça, pelo menos no espaço que agora ocupa"..A missiva explica que a candidatura ao programa "Lojas com História" foi feita a 20 de julho de 2017.."Sucede que, desde o momento da aludida candidatura até à presente data, ocorreram várias vicissitudes que tiveram, e têm tido, um impacto negativo na exploração comercial da Pastelaria Suíça, impossibilitando a sua viabilidade, subsistência e continuidade no futuro", refere a carta, assinada por Fausto Roxo..Por isso, continua o texto, os proprietários desistiram do processo de candidatura a esta classificação, "dado que o mesmo deixou de se justificar"..Outros espaços podem fechar portas.Além da Pastelaria Suíça, o vereador da Economia e Inovação da Câmara Municipal de Lisboa revelou que também a Joalharia Correia (na Rua do Ouro) e a loja de decoração Ana Salgueiro (na Rua do Alecrim) estão em negociações ou chegaram a acordo por forma a cessar atividade..A Câmara de Lisboa aprovou hoje, por unanimidade, a classificação de mais 44 estabelecimentos como "Lojas com História"..Durante a reunião, o vereador Duarte Cordeiro explicou que 47 estabelecimentos foram indicados para classificação antes da consulta pública, mas perante a desistência destes três, serão agora classificadas 44 lojas..Na lista estão estabelecimentos como a "Garrafeira Nacional" (Rua de Santa Justa), o "restaurante Vá-Vá" (Avenida dos Estados Unidos da América), a "papelaria Fernandes" (Largo do Rato), ou a "Casa da Sorte" (também na Praça D.Pedro IV)..A capital conta agora com um total de 126 estabelecimentos distinguidos, aos quais se juntam 19 oficinas e unidades de produção tradicionais que também estão protegidas..Entre estas oficinas contam-se a "Ginginha sem rival", o "Hospital das Bonecas" ou a unidade de produção dos "Pastéis de Belém"..Durante a discussão da proposta, no encontro que decorre nos Paços do Concelho, o vereador João Pedro Costa (do PSD) instou o presidente da Câmara Municipal, Fernando Medina (PS), a "sensibilizar o proprietário [do imóvel] para a importância da Pastelaria Suíça"..Para João Ferreira, do PCP, situações como esta mostram "as limitações do programa"..Algumas lojas "vão chegar ao fim do processo tendo passado à história", considerou, acrescentando ser "preciso ir mais longe"..Por seu turno, a vereadora centrista Assunção Cristas apontou que o fim de alguns estabelecimentos é ditado por "dinâmicas familiares", com gerações que não estão disponíveis para continuar o negócio..Já Ricardo Robles (BE) salientou que a "cidade não se faz só de lojas com história, faz-se também de lojas normais", e que a chamada "lei Cristas" tem sido "o carrasco" dos estabelecimentos..Em resposta, o presidente da câmara, Fernando Medina (PS), afirmou que "há coisas que o programa nunca poderá fazer", nomeadamente ir contra a vontade dos proprietários.