Vespa asiática chegou a Lisboa e já fechou Quinta das Conchas

É a primeira vez que a espécie é detetada na capital portuguesa. Ninho foi encontrado e eliminado na quinta-feira numa das árvores dos jardins da quinta das Conchas e dos Lilases, no Lumiar. O espaço continua fechado até haver certeza da eliminação total do inseto.

Os Jardins da Quinta das Conchas e dos Lilases, na freguesia do Lumiar, em Lisboa, foram encerrados, depois de ter sido encontrado um ninho de vespas asiáticas numa árvore. De acordo com uma publicação feita no facebook e twitter da autarquia, o ninho foi "eliminado durante a noite" de quinta-feira, mas o jardim permanece encerrado até que esteja assegurado que a eliminação do inseto foi total.

É a primeira vez que a vespa asiática é detetada na capital. É uma estreia, mas não é uma surpresa: esta espécie invasora, originária do sudeste asiático, entrou em Portugal pelo norte, em 2011, e desde então tem vindo a migrar para sul. Em abril de 2018, a Câmara Municipal de Lisboa criou um programa de prevenção. A bióloga Maria João Verdasca dizia então ao DN que a possibilidade da chegada deste inseto à região era, já então, "bem real".

Fonte oficial da câmara confirmou ao DN que esta é uma situação inédita, acrescentando que a autarquia vai agora proceder à verificação de todos os jardins e espaços verdes da cidade, uma ação que já é feita atualmente, mas que agora será direcionada, de forma específica, para a vespa asiática.

O ninho que foi encontrado nos jardins da Quinta das Conchas e dos Lilases foi queimado. Foi também usado um produto tóxico para garantir que todas as vespas são eliminadas. Este é um ponto crítico na eliminação deste inseto, dado que as vespas que não sejam mortas podem depois fundar novos ninhos.

Os jardins serão "reabertos logo que a Câmara Municipal de Lisboa receba o relatório final que confirme estarem asseguradas todas as condições para a sua utilização", escreve a autarquia no twitter.

A vespa asiática, ou vespa velutina, é uma espécie invasora, originária do norte da Índia, leste da China e Indonésia. Chegou à Europa por via marítima em 2004, provavelmente através do porto de Bordéus, em França, e expandiu-se a partir daí a outros países europeus.

Esta espécie é carnívora e predadora da abelha europeia produtora de mel. E é na apicultura que a vespa asiática causa maiores estragos, pelo ataque às abelhas autóctones e pela diminuição da produção de mel e da polinização vegetal. Além disso, pode afetar a produção de frutos - que fazem parte da sua dieta em determinados ciclos biológicos.

Em 2010 foi detetada em Espanha e em 2011 a sua presença foi pela primeira vez confirmada em Portugal, em Viana do Castelo. "Tudo indica que terá chegado por via terrestre, num carregamento de madeira", explicou ao DN a investigadora Maria João Verdasca.

As vespas asiáticas não são mais agressivas do que as suas congéneres locais, mas tornam-se especialmente perigosas quando sentem o seu ninho ameaçado, atacando em grupo com perseguições por várias centenas de metros. Por outro lado, sendo uma espécie invasora, pode provocar desequilíbrios sérios na biodiversidade.

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