Cascais garante: se não houver comboios gratuitos até março, "avançamos com autocarros"
Andar de autocarro sem pagar um cêntimo no concelho de Cascais é possível desde 1 de janeiro. Faltam os comboios, entre a vila e Carcavelos, promessa por cumprir do executivo camarário liderado pelo social-democrata Carlos Carreiras. "As equipas técnicas reuniram-se para saber qual o custo que a câmara teria de suprir". Cerca de "500 mil euros", segundo Carlos Carreiras". "Se não chegarmos a acordo até março, avançamos com os autocarros", garante o presidente da câmara, após a apresentação dos projetos para 2020, esta quinta-feira, no Hotel Palácio, no Estoril.
As réplicas de paragens de autocarro e a ciclovia colada no chão do clássico hotel onde Ian Fleming se inspirou para escrever James Bond deixavam perceber que a mobilidade em Cascais seria o destaque para Carlos Carreiras e para o seu numero 2 na autaquia, Miguel Pinto Luz.
O plano de reforçar em número de autocarros, carreiras e frequência no concelho está parado devido a impugnação do concurso (ganho pela espanhola Martin, SA) por parte do concessionário Scotturb. "A juíza tem até 29 de janeiro para tomar uma decisão", nota Carlos Carreira, prevendo para outubro essa ampliação da cobertura, se a decisão for favorável para Cascais.
Por concretizar está o melhoramento da linha de comboio (Cascais-Cais do Sodré) para a qual são exigidas conversas com o governo socialista. Os contactos começaram na legislatura anterior e Carlos Carreiras, eleito pelo PSD, critica o então tutelar da pasta das Infraestruturas. "Pedro Marques foi o pior que podia ter acontecido a Cascais". Com as eleições europeias, a pasta foi entregue a Pedro Nuno Santos. "Tem sido uma agradável surpresa o atual titular", disse aos jornalistas. "O que nos preocupa é o tempo de implementação, que é muito longo, com as linhas a deteriorar-se ainda mais, ainda pior do que hoje e com problemas na área da segurança. Podemos estar a falar de 8, 10 anos", disse aos jornalistas, após a apresentação.
Cascais prepara-se para investir 39 milhões de euros nas escolas do concelho. A começar na secundária de Cascais, provisória há 45 anos, mas já com um projeto de arquitetura definido.
No concelho vão ser construídos dois novos centros de saúde. Valores: 15 milhões de euros, mas com derrapagens, admitiu Carlos Carreiras na apresentação. Serão suportados, em parte, pelos proveitos de um parque estacionamento que nascerá no lugar do velhinho hospital de Cascais.
De mais longo prazo é o projeto para a habitação. O autarca afasta-se de um modelo de habitação social. "Temos de sair da habitação social para cumprir a função social da habitação". E explica assim o investimento de 150/200 milhões de euro que está em preparação: "O modelo que existe e foi útil, de tirar as pessoas das barracas, não foi suficiente para tirar as pessoas da pobreza". Na linha da frente para ocupar casas postas no mercado pela câmara de Cascais estão as pessoas com deficiência. Vão ser criados 3 mil fogos para "classe média" e jovens.
Depois da inauguração do Campus da Nova SBE, que este ano ficou em 30.º lugar no ranking do Financial Times de escolas de negócios, as baterias continuam apontadas para o ensino superior e para a Baía do Conhecimento, um nome-chapéu para falar das várias escolas que se estão a instalar à beira-mar: a faculdade de Direito e, especialmente a escola de saúde que há de funcionar no velhinho (e maltratado) Hospital Ortopédico José de Almeida - medicina, enfermagem e laboratórios de investigação - à procura de uma "mudança de paradigma", ambiciona Ferreira Machado, vice-reitor da Universidade Nova de Lisboa e a pessoa com quem a câmara de Cascais iniciou conversações para criar o campus de Carcavelos. O objetivo tem número: 20 mil universitários até 2021. "Queremos que os alunos que formamos pratiquem uma medicina mais humanizada"
Junto à marina de Cascais, no Bairro dos Museus - que agrega o Centro Cultural de Cascais e à Casa das Histórias Paula Rego e o Museu da Presidência na Cidadela de Cascais (agora gerido pela Câmara de Cascais), deveria ter nascido o Museu de Arte Urbana, um projeto com curadoria do artista Vhils, que, anunciado há dois anos, nunca chegou a ver a luz do dia.
"Adquirimos as obras, mas em virtude dos atrasos no licenciamento das obras [na marina] optámos por não avançar com o projeto". Se o projeto da marina acabou por avançar (estamos a meses da inauguração de mais um hotel 5 estrelas da cadeia Sofitel), segundo Carlos Carreiras, estão "à procura de uma nova localização" para mostrar a arte urbana contemporânea. Pode vir a ser, por exemplo, no Pavilhão Multiusos que a câmara de Cascais pretende construir num lote que acaba de adquirir na Abóbada, servindo a população de Carcavelos, Parede e São Domingos de Rana.
Na cultura, foi renovada por dez anos a parceria com a artista Paula Rego para mostrar as suas obras na Casa das Histórias. Carlos Carreiras lembrou os 1,5 milhões que começou por custar o projeto. "Hoje temos mais visitas e andamos na ordem os 300 mil euros anuais".
Num modelo semelhante ao do Bairro dos Museus, no Estoril decorrem as obras de requalificação do edifício do Cruzeiro, um projeto de Filipe Nobre Figueiredo, erguido em 1947, onde vai ficar instalada a Vila das Artes, isto é, a escola profissional de teatro de Cascais, a Cascais Design School, a escola de música e uma biblioteca de cinema. A sua abertura está prevista para julho de 2021, a pensar já no ano letivo de 2021/22.
Entretanto, decorrem negociações entre a câmara e o ministério da Defesa para a concessão do edifício do Forte de Santo António da Barra. "Apresentámos um projeto dentro dos prazos, estamos à espera há um ano da concordância do ministério das Finanças". Carreiras adianta que o período da concessão "tem de ter um prazo suficientemente longo" para valer os "7 milhões de euros" de investimento que o imóvel requer.
E se para Miguel Pinto Luz a corrida à liderança do PSD terminou no sábado, na apresentação dos projetos de Cascais para 2020, esta quinta-feira, vestiu de novo o fato de vice-presidente da câmara e mestre de cerimónias. Saiu antes dos jornalistas terem oportunidade de fazer perguntas sobre Rui Rio ou Luís Montenegro e preferiu fazer campanha pela vila - dos três milhões de investimento no aeroporto de Tires aos passeios de carros clássicos, do festival EDP Cool Jazz às conferências:
John Legend toca no dia 3 de julho, Neneh Cherry a 22 e Lionel Richie a 25 de julho. São três dos músicos já confirmados no cartaz do festival.
Ao terceiro ano, a organização junta ao ironman 70.3 a realização do Full Ironman, isto é, a distância mais longa desta prova nascido no Hawai. São 3800 metros a nadar da baía até ao Tamariz, 180 quilómetros a pedalar até Belas e 42 quilómetros (e uns metros) a correr do centro de Cascais ao Guincho, três vezes. Acontece nos dias 26 e 27 de setembro e são esperados mais de 5 mil atletas.
É uma das exposições que está prevista para o museu projetado por Souto Moura: um encontro da obra religiosa de Paula Rego com a de Josefa Óbidos, duas artistas portuguesas separadas por três séculos.
As ilustrações da Bíblia de Marc Chagall serão exibidos no Centro Cultural de Cascais, assim como a obra gráfica de do artista João Abel Manta com a qual se assinalará o 25 de Abril. As fotografias da norte-americana Vivan Maier também vão estar em exposição.
Em junho, Cascais recebe a conferência Future of Politics, onde vão ser oradores o secretário-geral da ONU, António Guterres, o historiador Yuval Harari e o psicólogo Jordan Peterson, autor do best seller 12 Regras para a Vida.