Brasileiros em intercâmbio no Porto: meses de aprendizado, viagens e desafios longe de casa
A brasileira Júlia Marta Santos, 23 anos, está longe de casa sozinha pela primeira vez. A jovem é uma das brasileiras que chegou recentemente a Portugal para fazer um intercâmbio de seis meses. Ela mora em uma residência estudantil que é conhecida como "a casa dos brasileiros no Porto", com 68 inquilinos.
Uma festa de boas-vindas foi realizada ontem (29) para integrar os novos alunos e conviver com "veteranos" que já passaram pelo local e pelas mesmas experiências do início do intercâmbio. "O primeiro mês foi bem caótico em questão de adaptação, porque eu senti muito na questão da comida e também de ter que conviver com mais pessoas além da minha família, que eu tive que aprender também a lidar com o outro", conta Júlia ao DN Brasil.
A imigrante também vê com dificuldade o entrosamento com os colegas portugueses - é uma das únicas brasileiras em sala de aula. O gaúcho Eliel Ragazzon, 21 anos, sente a mesma dificuldade inicial na integração com os colegas, por serem mais "fechados". Ao mesmo tempo, o jovem está realizado por não só ter conseguido o intercâmbio, mas também um estágio em pesquisa na área de Biologia.
Já a paraibana Michelle Rayllanne Franciele Alves, 22 anos, teve sorte com os colegas. "A minha turma é legal, as pessoas são simpáticas comigo. Eu tenho uma amiga portuguesa, muito gentil, adoro ela. Eu vou feliz para a faculdade, porque eu tenho ela e fico triste quando falta", destaca a estudante de Engenharia Ambiental.
Se a dificuldade em integração existe para muitos em sala de aula, o mesmo problema não se verifica em casa. Com todos os alunos brasileiros nas residências, garantem que ajudam uns aos outros e formam uma "família".
Neste semestre, nas três residências da Porto Concept Home o total é de 68 camas. Todos são brasileiros vindos de todas as partes do país, com média de idade de 23 anos e maioria de meninas (70%). A experiência de morar nesta república inclui convívios temáticos como o São João do Porto, um jantar típico de Natal e viagens internacionais. Ano passado o grupo visitou o Marrocos, em viagem organizada pela brasileira Rafa Marrocos, que já teve a sua história contada aqui no DN Brasil.
"Desde o primeiro ano, com a experiência excepcional do grupo, a decisão foi praticamente instantânea de focar nos alunos brasileiros", explica do DN Brasil o empresário Luís Proença.
Ao lado da esposa, Sílvia Proença, dirige o negócio e se tornou também uma espécie de "pai" dos estudantes que estão sozinhos longe de casa. "Eu tenho um filho de 18 anos que vai para o Erasmus ano que vem. Lá fora eu quero que também tenha alguém que olhe por ele, eu coloco-me na condição de pai e sinto, da minha parte, essa necessidade de dar o apoio", pontua o empresário.
Desde 2019, mais de 500 estudantes já passaram pelo local. Uma das paredes é dedicada a deixar recados dos que já foram embora para os que chegam: é possível que a casa seja um lugar longe de casa.
amanda.lima@dn.pt