Será que sentiríamos simpatia pelo "Terminator", se fosse uma mulher de sorriso bonito?
Franzir o sobrolho, olhar para cima e para a direita para aceder a uma memória longínqua, sorrir, fazer um ar triste, ter vontade de construir uma família. São reações ou emoções humanas, mas podem ser reproduzidas, "falsificadas". Atores por esse mundo fora fingem ser aquilo que não são, poetas fingem tão completamente "que chegam a fingir que é dor, a dor que deveras sentem". Se nós humanos conseguimos fingir emoções, porque não uma máquina?
As máquinas são função, ponto final. Um braço robótico para levantar peças pesadas numa linha de montagem, uma máquina para dobrar a roupa em poucos minutos. As máquinas não precisam de pensar, porque os humanos já pensam que chegue, certo? Bem, talvez não.
Os avanços da robótica levaram a discussão sobre os robots do campo prático para o campo metafísico de forma muito abrupta, especialmente porque hoje em dia existem robots capazes de participar nessa mesma discussão. O que nos deixa naquele ponto estranho, em que a maioria dos pais se encontra a determinada altura, em que os filhos deixam de ser dependentes para passarem a ter uma voz, ideias, vontades e capacidades de levar essas vontades para o campo da realidade, mesmo que seja contra a vontade dos pais.
Vejamos Sofia, por exemplo. A robot humanoide que tanto furor tem causado, por ter recebido a nacionalidade por parte da Arábia Saudita. Política à parte, Sofia distingue-se de tudo o que nos foi apresentado até agora, não por ter mais motores, ou uma pele mais realista ou até por franzir o sobrolho. Distingue-se por querer coisas que são do establishment humano. Sofia quer constituir família. Ainda há poucos dias, outro programa de Inteligência Artificial criou sozinho um "filho", ao qual está a dar treino, educação, está a fazer com que a sua prole evolua.
Onde é que isto nos levará? É difícil dizer, mas pelo menos a julgar pela atitude de Sofia, levará à harmonia, como está patente no artigo mais recente da iniciativa Vodafone Future que, tal como as palavras da nova cidadã da Arábia Saudita, nos faz pensar em como será o futuro tecnológico que preparamos todos os dias.