BPI propõe reposição de cortes dos salários da administração

A Comissão de Remunerações do BPI propõe repor cortes dos próprios salários, que tinham sido impostos pelas regras da ajuda do Estado. Na prática, se a proposta for aprovada, a gestão do banco recupera os valores cortados de 2012 a 2014 e ainda retoma a remuneração variável.
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A proposta deste órgão surge depois de o BPI ter devolvido, com juros médios de 8%, os 1,5 mil milhões de euros que o Estado emprestou em obrigações de capital contingente (CoCo's). O documento enviado na terça-feira à noite à CMVM sugere o aumento dos salários da administração do BPI e o pagamento retroativo das remunerações variáveis que tinham sido suspensas durante o período de ajuda do Estado.

Em 2014, a remuneração fixa dos membros do Conselho de Administração foi de 2,938 milhões de euros. Um aumento de 4,7% face ao montante de 2013. Segundo a proposta que será levada à assembleia-geral do banco, o presidente executivo, Fernando Ulrich, deverá receber, ao todo, 1.130.142 milhões de euros relativamente ao exercício de 2014. No ano anterior auferiu 425.625,51 euros, refere o relatório e contas de 2014, publicado na terça-feira no portal da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A explicação para estas diferenças residente numa deliberação do Conselho de Remunerações do banco, de 3 de setembro. Este órgão aprovou o pagamento aos membros do Conselho de Administração - onde se inclui Fernando Ulrich - dos "montantes correspondentes à redução da sua remuneração fixa [...] resultante das limitações emergentes da operação de recapitalização".

Ou seja, receberam parte do salário que tinha sido cortado durante o período de ajuda do Estado: "segundo semestre de 2012, 2013 e primeiro semestre de 2014". Além disso, a devolução da ajuda estatal permitiu o regresso do pagamento da componente variável no salário dos administradores do banco.

Caso não tivesse havido a deliberação do órgão responsável pela atribuição dos salários na instituição, o ordenado de Fernando Ulrich teria tido uma subida menos expressiva, de 36,51% para 581.035 euros. O mesmo teria acontecido com o presidente do Conselho de Administração, Artur Santos Silva. Em 2014, graças à deliberação, recebeu um total de 267.800 euros. Um aumento que compara com os 96.300 euros auferidos em 2013. Sem a decisão da Comissão de remunerações, o ganho teria sido de 22%, de 96.300 para 117.500 euros.

Os CoCo's são obrigações de capital contingente, emitidas no âmbito da ajuda do Estado aos bancos durante a permanência da troika. Com esta medida, o Estado indicou um elemento na administração dos bancos que pediram esta ajuda, BCP, BPI e Banif, que têm devolvido estes empréstimos.

(Notícia corrigida às 17h50: a proposta é feita pela Comissão de Remunerações e não pela Administração do BPI)

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