Bankinter garante trabalhadores e agências do Barclays

O Bankinter pretende manter os trabalhadores e as agências que o Barclays tem em Portugal. A garantia foi dada esta semana pela CEO do banco espanhol, María Dolores Dancausa, e reiterada ontem na reunião que decorreu entre os sindicatos bancários e o Barclays. Fora da equação está o Banco de Portugal, que não terá uma palavra a dizer no processo de compra do Barclays, uma vez que este é uma sucursal do banco inglês.
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"Foi-nos garantido o ACT (Acordo Coletivo de Trabalho) bem como a manutenção do número de trabalhadores e de agências", afirmou Mário Mourão da Febase (Federação do Sector Financeiro que reúne três sindicatos bancários) ao Dinheiro Vivo após o final da reunião. O mesmo responsável salientou que "foi-nos igualmente transmitida a mensagem de que o Bankinter pretende fazer uma reorganização e não uma reestruturação".

Num comunicado do Sindicato dos Bancários do Norte, a que o Dinheiro Vivo teve acesso, os responsáveis sindicais esperam que o novo dono do Barclays "mantenha igual procedimento, o que segundo informação que nos foi prestada irá acontecer, pois é vontade do Bankinter que o ACT do Sector Bancário continue a ser aplicado na empresa, tal como sucedia até agora". Os sindicatos vão agora desenvolver contactos com o objetivo de agendar uma nova reunião, desta vez com a administração do Bankinter.

A manutenção dos cerca de mil postos de trabalho e das 84 agências já tinha sido reiterada pela CEO do Bankinter. Numa conferência de imprensa que decorreu esta semana em Espanha, María Dolores Dancausa salientou que não prevê grandes ajustes em Portugal após a compra, apesar de admitir que poderão ser feitos "ajustes pontuais". A responsável revelou ainda que a banca de retalho do Barclays em Portugal passará a chamar-se Bankinter e que será liderada por Carlos Brandão, atual country manager do Barclays em Portugal.

Após o anúncio da compra, o banco espanhol aguarda pelas autorizações regulamentares para fechar a operação. O Bankinter já terá notificado o Banco de Espanha e, por seu turno, o Barclays já terá informado o Banco Central de Inglaterra. Após o aval obrigatório, a decisão será comunicada ao Banco de Portugal. Por se tratar de uma operação e de instituições europeias, o Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras prevê a atribuição de um passaporte comunitário, a somar ao facto de que o Barclays em Portugal é uma sucursal do banco inglês, ou seja tem de responder à "casa-mãe". Na prática, o Banco de Portugal será apenas informado e não terá de autorizar a operação.

A primeira reação das agências de rating surgiu também ontem, pela voz da Standard and Poor"s (S&P). Para os analistas da agência, a aquisição "é gerível e representa uma oportunidade de médio e longo prazo para o Bankinter". A S&P qualifica ainda de positivo que o banco liderado por Dancausa comece a diversificar-se geograficamente, apesar do tamanho diminuto do negócio agora adquirido. Os responsáveis da agência de notação financeira alertam que os ciclos da economia portuguesa e espanhola estão muito correlacionados e que o mercado financeiro português "já está maduro". Mas o alerta ficou guardado para o fim, com a S&P a acrescentar que será difícil construir uma franquia rentável em Portugal.

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