Assembleia da EDP já começou. 71% do capital vota saída do Estado
A assembleia-geral de acionistas da EDP começou cerca das 15h15 e nela está representado 71% do capital acionista da empresa, que decidirá o fim dos direitos especiais do Estado na empresa.Os acionistas da EDP deverão aprovar hoje o fim dos direitos especiais do Estado na empresa, permitindo cumprir assim mais uma das exigências do acordo com a 'troika'.Reunidos em assembleia-geral, os acionistas vão deliberar sobre a alteração dos estatutos da elétrica de forma a conseguirem eliminar os direitos especiais do Estado.Os accionistas da EDP votam hoje o fim dos direitos especiais do Estado, a chamada golden share, tal como exigido pela troika no memorando de entendimento assinado com o Governo. A operação abre caminho à privatização da participação do Estado na eléctrica. E isso, defendem alguns analistas, poderá permitir baixar os preços da electricidade aos consumidores.São 25,7% que o Estado detém na EDP, sendo 25,05% através da Parpública e 0,64% através da Caixa Geral da Depósitos. A alteração de estatutos que hoje irá a votos, proposta pela Parpública, prevê precisamente a eliminação dos direitos especiais do Estado, aplicando a todos os accionista da sociedade "as mesmas regras". Assim, sugere a sociedade responsável pela gestão do património empresarial do Estado, deve haver um "ajustamento no limite de contagem de votos, passando a percentagem de 5% da totalidade dos votos para 20%".Vários são os interessados na privatização da eléctrica (ver texto ao lado) que, com os direitos de voto desblindados se torna, ainda, mais apetecível, dizem fontes do mercados contactadas pelo Dinheiro Vivo.Um analista de mercado, que não quis ser citado, considera que a ideia de a empresa poder tornar-se mais apetecível ou até vulnerável a uma eventual oferta pública de aquisição (OPA) pode até acabar pode ser benéfico para os consumidores. Isto porque a entrada ou o reforço de capital na EDP de uma empresa da área da energia que esteja alavancada pela actividade internacional pode permitir baixar o preço das tarifas ao consumidor.Um tema sobre o qual, para já, ninguém quer falar. A EDP não comenta o efeito da privatização nas suas tarifas, na medida em que os preços são definidos pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos; esta, por seu lado, recusa debater questões do foro accionista. Da Autoridade da Concorrência não foi possível obter resposta.A assembleia de accionistas da EDP está agendada para as 15:00, na Feira Internacional de Lisboa (FIL). Uma hora antes decorrerá uma concentração de dirigentes e activistas da CGTP-IN e das comissões de trabalhadores da EDP."Queremos alertar a sociedade para o facto de o Estado ir despejar nas mãos dos privados os seus poderes numa área muito sensível", disse à Lusa o presidente do Sindicato das Indústrias Eléctricas do Sul e Ilhas, Manuel Correia.António Mexia, o presidente executivo da EDP, já garantiu publicamente que a eléctrica "está pronta para qualquer circunstância [no processo de privatização] e não tem receio de nada", nomeadamente que um dos novos accionistas possa alterar a estrutura da empresa. Com Ilídia Pinto