Trabalho sobre a destruição da arte vale prémio a advogado argentino
Um ano de trabalho e preparação foi quanto o advogado argentino Juan Javier Negri investiu na preparação de La puerta de Banksy (el error en la compraventa de obras de arte), que lhe valeu o prémio entregue pela Fundación Profesor Uria, hoje, na Fundação Calouste Gulbenkian, por Daniel Proença de Carvalho do escritório de advogados Uria Menendez (e presidente do conselho de administração da Global Media, a que pertence o DN) e pelo político espanhol Javier Solana, presidente desta fundação e antigo secretário-geral da NATO.
Solana elogiou, como é da praxe, a qualidade do vencedor, "homem tenaz que se apresentou à primeira e não ganhou [há um ano] e que se apresentou à segunda e ganhou por goleada".
Negri, de dossier na mão, declarou: "Agora vamos trabalhar". Trouxe, para a audiência, um assunto que, considerou ao DN, "mais divertido": El Dilema de Landet (A Destruição, desconstrução e reconstrução da obra de arte perante o direito), uma comunicação em que se detém nos princípios dos direitos morais abordados pela convenção de Berna, do final do século XIX, a partir da obra do artista argentino José Luís Landet. "Ele faz recortes de quadros de pintores que não conhece e que encontra em mercados. São bocados de tela, de obra de arte de terceiros. Hoje a destruição joga um papel", contextualizou. Pelo que a simples análise dos direitos morais dos artistas é insuficiente.
Mais um caso relatado por Negri, que envolve o escritor Camilo José Cela. "Num momento de fúria destruiu um quadro de Miró, cosida a tela, veio a saber depois que o quadro era falso. A história valorizou um quadro de 300 mil euros em 500 mil, porque havia uma história atrás." Da comunicação ressaltaram também as diferenças entre a prática europeia e a americana, que só com o Visual Artists Rights Act (VARA), aprovado em 1990, o direito moral foi reconhecido.
O prémio Rodrigo Uría para o Direito da Arte é entregue anualmente e estão abertas as inscrições para a terceira edição, cujo vencedor recebe um prémio de 25 mil euros. O objetivo do galardão é contribuir para aprofundar as matérias relacionadas com o Direito da Arte.