Rock e hip hop à beira Tejo

Começa hoje a 22.ª edição do Super Bock Super Rock onde se cruzam os melhores da atualidade e os melhores da história.
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O mais camaleónico e resistente festival em Portugal, o Super Bock Super Rock, está de pedra e cal no Parque das Nações, renovando o mesmo mapa de recinto de 2015. Os palcos da 22.ª edição do festival mantêm a localização. O principal palco, de nome Super Bock, localiza-se no interior do MEO Arena. O Palco Antena 3 está virado para as escadarias desse pavilhão, a poucos metros do Centro Comercial Vasco da Gama. O mais eletrónico Palco Carlsberg permanece na Sala Tejo (o espaço anexo do MEO Arena). E, na outra ponta do recinto, o Palco EDP continua debaixo da cobertura da pala do Pavilhão de Portugal.

O programa de hoje no Palco Super Bock é um pouco o reflexo do espírito do festival: há música para todos os gostos, da eletrónica dos Disclosure à elegância outonal dos National , ao otimismo rocker dos Temper Trap. Estes últimos vêm da Austrália para apresentarem alguns dos temas novos do seu terceiro e mais recente álbum Thick as Thieves, mais um reforço de um reportório dominado pelo espírito soalheiro similar que faz correr bandas como os Coldplay e os Imagine Dragons.

Como estará o culto em Portugal em relação aos National? Quase que podiam ter cá uma casa, tal o número de vezes que cá tocam, mas os fãs nada se importam com isso. Importar-se-iam, sim, se não tocassem no SBSR temas que os levam ao êxtase como Bloodbuzz Ohio, Fake Empire ou o temperamental Mr. Lawrence, com o vocalista Matt Berninger (agora de cabelo mais comprido) a sair dos eixos daquele registo mais sussur- rado. Enquanto se aguarda por novo álbum, devem ouvir-se alguns temas inéditos do quinteto nova-iorquino.

Graças à dupla dos Disclosure, formada pelos irmãos Lawrence, o início da madrugada promete estar entregue ao remodelado UK garage, através de um set que dificilmente passará ao lado de Latch, tema que os revelou graças ao contributo vocal de Sam Smith. Mais adiante, outro peso da electrónica, DJ Shadow, brilhará nos pratos no Palco Carlsberg. No Palco EDP, as atenções estão debruçadas sobre o rock poeticamente desapressado do guedelhudo Kurt Vile.

Iggy Pop e o peso da história

No segundo dia do SBSR, Iggy Pop (no Palco Super Bock, a partir das 22.00) vai deixar danos. Autêntica fera em palco, de peito musculado bem ostentado, o Iggy Pop em modo festivaleiro costuma dar prioridade ao peso da sua história - da sua carreira a solo (The Passenger ou Lust for Life são apostas ganhas) ao seu período anterior com os Stooges (No Fun tem sido o tema de abertura dos concertos mais recentes) - e não tanto ao seu último e rejuvenescido álbum, Post Pop Depression, gravado com o líder dos Queens of the Stone Age, Josh Homme, que não estará no MEO Arena.

Os melhores da atualidade e os melhores da história intercalam na edição deste ano, mas no espetáculo agendado para as 23.50 (que termina à 01.20) os melhores dos dois mundos vão estar juntos no Palco Super Bock: os pais do trip-hop Massive Attack e o coletivo de hip hop industrial Young Fathers vão juntar forças, mesmo que com supremacia dos primeiros, na sua inevitável viagem aos anos 90, aos pontos fortes dos álbuns Blue Lines, Protection e Mezzanine.

O contingente do rock alternativo nacional mais inconformista vai estar em força no Palco Antena 3, primeiro com os lisboetas Basset Hounds (das 18.10 às 18.50), e depois com os afro-punks Pista (das 19.20 às 20.10), os minhotos Glockenwise (das 20.40 às 21.30) e, por fim, os cada vez mais radiofónicos Capitão Fausto (das 22.00 às 23.00).

Kendrick Lamar, o dia esgotado

Já não há bilhetes diários para o grande dia do hip hop no SBSR. No Palco Super Bock, o cabeça de cartaz é o rapper mais influente da atualidade, Kendrick Lamar, que vai dividir as suas rimas entre os dois mais aclamados álbuns, Good Kid, M.A.A.D City (de 2012) e To Pimp a Butterfly (de 2015), que colecionaram distinções de discos do ano pelas maiores publicações especializadas do mundo anglo-saxónioco e não só.

Antes vão estar no palco principal outros revolucionários do hip hop, os nova-iorquinos De La Soul, mas de outro tempo, dos finais dos anos 1980 e inícios de 1990, quando refrescaram o género suburbano com cortes e colagens de samples mais elaborados e com uma linguagem mais humorada. Bastará aos MC Posdnuos, Dave e Maseo interpretarem clássicos como Me Myself and I ou The Magic Number para os jovens fãs de Kendrick Lamar se surpreenderem com o poder do old school dos De La Soul.

No Palco EDP, os portuenses GNR celebram os 30 anos da obra seminal Psicopátria, o que significa que Rui Reininho vai cantar brilhantes canções como Pós Modernos, Bellevue e Efectivamente.

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