Reciclar também pode ser divertido

Atividades para pôr toda a família a pensar na poluição e na necessidade de reciclar, entre outras questões relacionadas com ecologia. Hoje é o "Dia do Rédimeide" no Teatro Maria Matos

O Diogo e a Bárbara estão sentados no chão a pintar caixas de ovos. A Constança está envolta por panos, a costurar. A Bruna tem os dedos cheios de cola por estar a montar fantoches de cartão. Aqui não há carteiras em filas nem um quadro preto para o qual todos têm de olhar. A oficina funciona em duas salas, amplas, rodeadas de janelas, e os alunos espalham-se pelo espaço. Estamos na Escola Artística António Arroio, em Lisboa, onde os alunos finalistas (12º ano) do curso de produção artística, estão a terminar os projetos que vão apresentar hoje nos camarins do Teatro Maria Matos, em Lisboa, integrados no "Dia do Rédimeide".

Reutilizar, reciclar, reduzir são os três "res" quer marcam o "Dia do Rédimeide", que propõe uma série de atividades para as crianças e as famílias. Todos os trabalhos partiram da leitura do texto "As Três ecologias", do filósofo francês Félix Guattari, que dá o mote a este ciclo de programação do Maria Matos. "Nós aqui na escola estamos muito habituados a reutilizar tudo", explica Constança Vila Verde, uma das alunas, que se propôs fazer "um manto gigante" que é como um convite às crianças para "entrar e mudar o mundo". É ela que vai estar no foyer do teatro a desafiar os mais pequenos a participarem nestas atividades. O filme "Os Respigadores e a Respigadora", de Agnès Varda, foi uma das influências para Constança. "Andamos sempre a ver o que podemos aproveitar, na rua, em casa, na escola."

Tecidos, sacos de batatas, amostras de carpetes, sacos de plástico, a imaginação é o limite para estes jovens criadores. Inês Almeida criou um sofá em forma de mão à medida dos mais pequenos, Constança Araújo tem umas "barrigas" lindas, feitas de balão e jornais, com que vai "engravidar" os miúdos, para que eles aprendam que tudo o que consomem lhe vai pesar (a eles e ao mundo). Rita Patornilho criou umas capas com os antigos telões do teatro, nos quais colocou fotografias e frases dos jornais. Ana Isabel Santos também usou os telões para criar modelos de animais em vias de extinção. E Maria Galhardas criou uns sapatos gigantes com que as crianças irão deixar a sua pegada de "quagga".

Diogo Sousa vai ter uma "mercearia de ideias", para a qual está a criar máscaras com caixas de ovos. Bárbara Braz fez um globo que está em processo de destruição, um alerta para "o consumismo como causa da devastação do mundo". Inês Garciaa criou um casulo que nos faz pensar no isolamento provocado pelas tecnologias. Bruna Pilar usou comandos da playstation, teclados de computador, cabos e fichas vários para fazer fantoches. Beatriz Roque imaginou um jogo com cubos com terra e plantas lá dentro, para alertar para destruição das florestas. Inês Sachim trabalhou sobre a destruição do mar, usando garfos de plásticos e garrafas de água. "As crianças vão bebendo a água durante as atividades e depois fazem um trabalho com a garrafa", explica Inês. Nada se perde, tudo se transforma.

Para além dos projetos dos alunos nos camarins, hoje, o espaço do teatro é todo das crianças. José Capela, António MV e Rute Carlos convidam as famílias a entrar pela porta das cargas e descargas e a fazerem o percurso do sub-palco até ao palco e depois deste para a plateia e até ao balcão. "A ideia é ocupar todo o espaço e dar-lhe uma nova utilização. Pensámos: que outras funções poderia ter este espaço?", explica José Capela. Ao longo do percurso, as crianças poderão realizar atividades relacionadas com música, dança, artes plásticas

Dia do Rédimeide
Teatro Maria Matos, Lisboa
Hoje, das 11 às 18.00
Bilhete: 3 euros

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