Receber o Novo Ano com valsas vindas de um palco ou da televisão
Como em Viena, a música dos Strauss, mas não só, percorre Portugal de norte a sul, passando pela Madeira
A acrescer ao brilho do evento em si - não por acaso chamado de "o concerto dos concertos" - o Concerto de Ano Novo da Filarmónica de Viena tem este ano o glamour suplementar de celebrar o jubileu dos 75 anos do evento, recordando a data de 1/1/1941: segundo concerto do género dos Wiener Philharmoniker, mas o primeiro realizado no dia de Ano Novo.
A partir das 11.15 locais (10.15 em Lisboa), a Sala Dourada do Musikverein de Viena começará a ser embalada ao som de valsas, polcas e galopes dos vários membros da família Strauss que se dedicaram à composição nestes géneros de salão, bem como de vários autores seus contemporâneos, dirigidos pelo maestro Mariss Jansons.
A transmissão televisiva é assegurada por 15 câmaras e alcança mais de 90 países em todo o mundo. Durante o intervalo, a ORF (televisão austríaca) transmite um filme de 24 minutos comemorativo dos 200 anos da integração da província de Salzburgo na Áustria. Em Portugal, a RTP 1 transmite o evento a partir das 10.30.
Os compositores não-Strauss
Este ano, são quatro os autores de fora da família Strauss selecionados por Jansons, incluindo algumas estreias absolutas no quadro destes concertos: se Josef Hellmesberger Sr. (1828-93), de quem se ouve Cena de Baile, é uma inclusão recorrente, o mesmo não se pode dizer dos outros três: Robert Stolz (1880-1975), Carl Michael Ziehrer (1843-1922) e Émile Waldteufel (1837-1915). Do primeiro, ouve-se uma Marcha da ONU (peça que abre o concerto), datada de 1957 e deicada à instituição; de Ziehrer, a valsa Moças de Viena (de 1888) e do francês Waldteufel, a valsa que escreveu em 1886 sobre temas da conhecida Rapsódia para orquestra "España", de Chabrier.
Como de costume, duas obras são coreografadas e dançadas por bailarinos do Ballet Estatal de Viena: a polca Ausser Rand und Band, tendo por cenário a Kaiserloge da pista de corridas de cavalos do Parque do Prater - assinalando os 250 anos da abertura ao público deste famoso espaço verde vienense; e a Valsa do Imperador, tendo por apropriado fundo o palácio e os jardins de Schönbrunn. Coreografia e figurinos são, respetivamente, do checo Jiri Bubenicek e da britânica Emma Ryott, que fazem a sua estreia neste evento.
Vontade expressa do maestro foi a inclusão dos Pequenos Cantores de Viena (Wiener Sängerknaben) no programa: eles cantam a polca francesa Sängerslust, de Johann Strauss, e a polca rápida Auf Ferienreisen, de Josef Stauss, esta com uma letra escrita propositadamente para este concerto.
Um maestro excecional
O letão Mariss Jansons, que perfará 73 anos duas semanas depois deste concerto, dirige pela terceira vez a Filarmónica de Viena nesta data, após 2006 e 2012. Jansons é uma das glórias da direção de orquestra das últimas décadas e é regularmente apontado em votações como sendo o mais brilhante maestro em atividade. Filarmónica de Leninegrado/S. Petersburgo (ao longo de 28 anos), Filarmónica de Oslo (durante 21 anos), Filarmónica de Londres, Sinfónica de Pittsburgh, Orquestra do Concertgebouw de Amesterdão (11 anos) e Sinfónica da Rádio da Baviera (há 12 anos, sendo que o contrato, sucessivamente prolongado, já se estende até 2021!) são algumas das orquestras que já o tiveram como titular ou "convidado principal".
Mariss estudou em Viena com Hans Swarowsky e em Salzburgo com Karajan (na Rússia, trabalhara com Yevgeny Mravinsky) e dirigiu em 1992 pela primeira vez a Orquestra Filarmónica de Viena. É membro da Sociedade dos Amigos da Música, o outro nome do Musikverein de Viena.
Sons de Ano Novo em Portugal
Em Portugal, são muitas as oportunidades para ouvir a contagiante música dos Strauss, mas também muitas outras, unidas sob o signo do festivo e do brilhante.
Em Lisboa, a Orquestra Metropolitana faz o já tradicional Concerto de Ano Novo "ao estilo vienense", no dia 1 no CCB e, novidade: no dia 3, na Meo Arena (sempre às 17.00), sob a direção de Sebastian Perlowski. No mesmo dia 3 (16.00, TNSC), Sinfónica Portuguesa e Coro do São Carlos fazem o seu, tendo por convidada o soprano Elisabete Matos, responsável pelo programa. Este é uma celebração da opereta através de obras de Offenbach, Joh. Strauss e Lehár, além do clássico Viena, cidade dos meus sonhos, de Sieczinsky.
No Algarve, a Orquestra Clássica do Sul ofereceuma dose dupla em Loulé (dia 1, às 16h e às 18h, Cineteatro) e, no dia seguinte, em Tavira (21.30). Dirige a jovem maestrina polaca Patrycja Pieczara.
No Porto, a Sinfónica do Porto--Casa da Música toca no dia 2 (às 18.00, Sala Suggia) um popular programa de música de salão, mas de autores russos: é que 2016 será o Ano Rússia na Casa da Música! Dirige o britânico Martin André.
Pelo centro e norte, a Filarmonia das Beiras, tendo por convidado André Sardet, faz oito "concertos de ano novo" até 10 de janeiro, passando por Aveiro (dia 1, às 18.00 e dia 5), Viseu (dia 2), S. João d Madeira, Braga (dia 7), Anadia, Oliveira de Azeméis e Oliveira do Bairro. Dirige António Vassalo Lourenço.
No Funchal, a Orquestra Clássica da Madeira toca os Strauss no Teatro Baltazar Dias (dia 1, 18.00 e 21.30). Dirige Luís Andrade.