Premiado por música que fez para as emoções dos filmes

Nuno Dario recebeu a medalha de prata dos Global Music Awards, em Los Angeles. Uma obra que se inspira em poemas do Nobel da Literatura Harold Pinter e junta música contemporânea, rap, blues, jazz e uma voz de pivô televisivo

Melodia para os nossos ouvidos. Nuno Dario, um português em Los Angeles, compositor de música para cinema, concerto e multimédia foi distinguido com a medalha de prata nos Global Music Awards, em duas categorias, Clássica-Avant-Garde/Cross Genre e Originalidade/Criatividade. A obra que lhe granjeou o prémio intitula-se Quatro poemas à procura de uma peça... soa familiar?

Nuno Dario revelou ao DN que a inspiração veio mesmo do título de Luigi Pirandello, Seis Personagens à Procura de um Autor. Mas fica-se por aqui. A centelha criativa musical envia-nos para outro autor, Harold Pinter. Os poemas "são muito crus, pragmáticos e, ao mesmo tempo, cáusticos e irónicos. Não fiz mais do que tentar extroverter quase literalmente essas ideias musicalmente. A obra é atravessada por estes sentimentos, emoção e lirismo que permanecem sobretudo nos lamentos dos Intermezzos e na "onda de choque" dos poemas", contou ao DN.

Depois do prémio, o compositor de 41 anos sublinha que é preciso continuar o caminho: "Tenho de trabalhar mais, para que as minhas ideias musicais alcancem boa aceitação."
Licenciado em composição pela Escola Superior de Música de Lisboa, especializou-se em composição para cinema na Universidade Californiana de Los Angeles (UCLA), e fez doutoramento na Royal Holloway, Universidade de Londres. Já em 2012, a Global Awards o tinha notabilizado com um Prémio de Mérito, pela banda sonora de Earth Is Home, ano em que também recebeu a bolsa BMI/Jerry Goldsmith Scholarship Award, em Los Angeles, Califórnia. É lá que vive desde 2011, ainda que passe umas temporadas em Portugal e no Reino Unido. "Los Angeles tem significado para mim principalmente três coisas: possibilidade, liberdade e oportunidade."

Tendo trabalhado com uma panóplia de realizadores, nacionais, norte-americanos, britânicos, lituanos, angolanos e iranianos, afirma que o que lhe interessa é "procurar novas formas de expressão musical, que apresentem diferentes propostas de auxílio à história que está a ser contada".
Voltando à obra que o premiou: "É uma obra que questiona, reflete e aponta o dedo à responsabilidade individual em sociedade. Uma vez que trabalho maioritariamente para cinema e moving image tive de desenvolver essa versatilidade de composição. Aliás, entendo que os estilos de música não se devem excluir, antes devem manifestar aspetos diferentes nas emoções humanas."
Na peça juntam-se vários: música contemporânea, rap, blues - "motivos típicos de música para cinema comercial" -, jazz e uma voz de pivô televisivo.

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