O baile da supremacia de La La Land
As 14 nomeações de La La Land- Melodia de Amor, de Damien Chazelle não foram a grande surpresa da lista ontem divulgada pela Academia. Em Hollywood falava-se que o filme poderia até bater o recorde de Eva, de Joseph L. Mankiewicz e Titanic, de James Cameron. Não bateu mas igualou-o. A verdade é que nesta altura já não ninguém se espanta com a supremacia deste musical pós-moderno. Chazelle fez uma obra que caiu no goto de todos na América e, depois do sucesso nos Golden Globes e de estar bem lançado nos prémios das guildas, é mais do que provável que seja no dia 26 o grande vencedor desta edição.
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Surpresas só nos ausentes e em algumas inclusões. Michael Shannon é uma justa nomeação como ator secundário em Animais Noturnos, mas poucos estariam à espera, sobretudo porque Aaron Taylor Johnson, o vilão do mesmo filme, estava a tirar-lhe o lugar noutras cerimónias. Também algo surpreendentemente, a atriz britânica de origem etíope Ruth Negga conseguiu a nomeação em Loving, drama inter-racial de Jeff Nichols (confirma-se que não chegará aos cinemas portugueses), filme que no outono tinha uma gigantesca campanha para ter muitas mais nomeações....Quanto ao caso de Isabelle Huppert, não causa surpresa e atriz é mesmo uma das favoritas, embora haja a questão de Ela, de Paul Verhoeven, não ter sido nomeado para melhor filme em língua estrangeira (nem entrou no último lote de pré-nomeados...), sinal de que a atriz francesa está num filme "maldito". Aliás, foram nomeações felizes para os francófonos: além de Huppert, o belga La Tortue Rouge, de Michael Dudok de Wit e Ma Vie de Courgette, de Claude Barras, estão nomeados na categoria de melhor animação.
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À parte disso, de registar outros dois grandes vencedores da nomeações: O Primeiro Encontro, de Dennis Villeneuve e Moonlight, de Barry Jenkins, ambos com oito nomeações. Se houver um golpe de teatro e La La Land não vencer melhor filme, o drama racial de Jenkins está bem posicionado para ser a improvável surpresa, quanto mais não seja porque este é um ano em que os filmes e os artistas de cor estão bem representados, bem ao contrário do que se passou o ano passado.
Na corrida das interpretações, a categoria mais congestionada foi a de atriz principal. Nomes sonantes ficaram de fora e as cinco nomeadas foram Emma Stone (La La Land); Isabelle Huppert (Ela); Ruth Negga (Loving), Meryl Streep (Florence, Uma Diva Foram do Tom) e uma fabulosa Natalie Portman (Jackie). Para já, a grande favorita é mesmo Emma Stone, já premiada no Festival de Veneza. Amy Adams ainda chegou a estar por engano no site da Academia como nomeada em Arrival (poderia ser também nomeada em Animais Noturnos e há quem diga que poderá ter havido aqui uma certa dispersão entre os membros da Academia...), o que poderá querer dizer que esteve à porta. Aliás, também Tom Hanks foi alvo do mesmo engano informático, ainda para mais a indicação referia ator secundário, o que não deixa de ser bizarro, já que o duplo oscarizado tinha o papel de protagonista em Sully- O Milagre do Rio Hudson, de Clint Eastwood.
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Menos previsíveis foram as nomeações para melhor argumento original. Aí sim alguma diversidade verdadeira. A Academia destacou a herança da memória de outros tempos gloriosos de Hollywood de La La Land, a neurose familiar com marca de Mike Mills em Mulheres do Século XX (filme que supostamente teria asas para mais nomeações); a ousadia formal de Hell or High Water- Custe o que Custar, de Taylor Sheridan; a loucura única de A Lagosta, de Yorgos Lanthimos e o risco teatral dos diálogos de Kenneth Lonergan em Manchester by The Sea. Apostamos em Lonergan pelo prestígio que tem como argumentista mas se houver vaga total para La La Land é Chazelle quem subirá ao palco para arrecadar o Óscar.
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