Museu do Aljube só fala português
Stephanie e Martin, berlinenses de 55 anos, estão no segundo andar do museu, frente a um painel inteiramente escrito em português, como tudo o que está exposto. Como tantos outros turistas que visitam Lisboa e esta zona - o edifício do Aljube, que começou por ser uma prisão eclesiástica, foi depois cárcere de mulheres e por fim usada para detenção de presos políticos, situa-se na Rua de Augusto Rosa, na lateral da Sé -, entraram para visitar o novíssimo equipamento cultural da cidade, de acesso gratuito e que, além da exposição permanente e das temporárias (a primeira, em exibição, é sobre o direito de manifestação), oferece ainda uma cafetaria, no último piso, onde funcionou a enfermaria da prisão, com uma belíssima vista sobre o rio e a catedral.
Mas nada no Museu Resistência e Liberdade, à exceção dos curros, as minúsculas celas onde os presos eram colocados e cuja impressionante recriação faz claustrofobia só de olhar, e da vibrante parede de cravos na parte dedicada ao 25 de Abril, fala com eles: painéis, vídeos, mapas, tudo é em português. Vale a Martin, que em tempos viveu em Portugal, saber a língua: vai traduzindo para Stephanie, o dedo a apontar as frases. "É estranho não ter versão inglesa, pelo menos", espantam-se, assumindo "muito interesse" pela história recente do país que Martin, aliás, conhece bastante bem. "Soubemos que o museu existia e quisemos cá vir de propósito."